Cinco maiores bancos mantêm restrições na saída de cartões VISA
SUSPENSÃO. Gigantes da banca comercial não têm data à vista para levantarem as restrições no uso de cartões da rede VISA e apontam a crise de divisas como a principal razão. Uns travam na emissão, outros ‘apertam’ nas condições de acesso ao serviço. No fundo, as regras mudaram para todos.
Os cinco maiores bancos comerciais angolanos em activos ainda não levantaram as limitações na emissão dos cartões de pagamentos da rede Visa a novos clientes e para quem já dispõe do serviço, quase dois anos passados desde o anúncio da restrição, apurou o VALOR junto dos serviços de apoio ao cliente destas instituições.
Os bancos BPC, BFA, BAI,BIC e BMA – arrumados por ordem decrescente de activos – justificam a situação com a actual crise do sector petrolífero que, desde Junho de 2014, fez recuar, para menos de metade, as receitas com vendas do petróleo, principal fonte de divisas de Angola, segundo os vários técnicos de serviço nas plataformas de atendimento ao cliente dos cinco bancos.
Os rumores da suspensão do serviço Visa em Angola iniciaram entre finais de 2014 e princípios de 2015, no pico da crise de divisas no país. Mas a Visa nunca chegou a admitir cancelamento da operação, o que a levou a desmentir, por via do Banco Nacional de Angola, tal informação.
“Relatos de que a rede Visa deixará de estar disponível em Angola são falsos. A Visa continua comprometida com os parceiros angolanos, incluindo o banco central, instituições financeiras, comerciantes e titulares de cartões (…)”, lê-se numa nota da entidade gestora da rede Visa, datada de Janeiro deste ano e assinada pelo seu director para África do Oeste e Sul, Jabu Basopo.
Apesar disto, e face à escassez de recursos em dólares, os bancos encetaram novos métodos de utilização dos cartões, que incluía suspensão na emissão de novos cartões e limitação dos valores a movimentar via cartão Visa, estratégia já usada pelo BAI, BFA e BPC.
Até finais de 2014 e início de 2015, o BAI não limitava o reforço das contas de débito para os cartões VISA, designadamente o cartão de débito “BAI Kamba”. Na altura, as renovações dependiam do montante disponível nas contas dos clientes.
Actualmente, são precisos cerca de 200 mil kwanzas para reforçar a ‘conta-cartão’ de débito, em necessidades com viagens ao estrangeiro, e 75 mil kwanzas para encargos com Saúde e Educação. “Este procedimento só abrange os clientes que já dispõem de um cartão de débito [no BAI] ”, esclareceu um técnico da área de apoio ao cliente do BAI, também designada ‘Linha 24’.
No BFA, a suspensão na emissão de novos cartões da rede VISA continua, sejam os de débito, sejam os de crédito. É o caso do cartão pré-pago ‘Kandandu’, cuja utilização foi limitada para 50 mil kwanzas, para ‘carregar’ e movimentar em contas de débitos.
Apesar disso, o banco avisa, na sua página de Internet, sobre as limitações do serviço no estrangeiro: “Este cartão destina-se exclusivamente a clientes BFA e está limitado a um cartão por cliente. A utilização do cartão no estrangeiro está limitada à disponibilidade de divisas por parte do BFA”.
BPC EXIGE 200 MIL KWANZAS
A suspensão é para todos. Mas há quem esteja a ensaiar novos métodos, como é o caso do BPC que, para emitir novos cartões pré-pagos ‘VISA Gingongo’, está a exigir um depósito à ordem no valor de 200 mil kwanzas, a reverter para a conta do cliente.
Questionada sobre a possibilidade de alguns clientes terem saldo na conta igual ou superior aos 200 mil kwanzas, na abertura de conta-cartão de débito, a operadora de serviço remeteu a explicação para os balcões do BPC. “Este é apenas um mecanismo que o banco encontrou para ‘acudir’ a pressão dos clientes”, conta a funcionária do call center do banco estatal e o primeiro maior em activos.
O banco expõe, no seu sítio da internet, vários tipos de cartões, todos com características de utilização própria.
Para os cartões de crédito, o BPC dispõe de VISA GOLD, para clientes particulares com o “rendimento mensal elevado”, Visa BPC Classic, para quem tenha salário domiciliado, além dos Visa ‘Gingongo’, Visa corporate e o Visa ‘Muata’ .
BIC E MILLENIUM ATLÂNTICO ABREM EXCEPÇÃO
Os dois últimos do ranking dos ‘gigantes’ em activos da banca nacional, o BIC e o Millenium Atlântico, respectivamente, garantem “nunca terem suspendido o serviço”, mas, à semelhança de outros players, reforçaram as condições de acesso e utilização do serviço. No Millennium Atlântico, as condições de acesso são iguais às de solicitação de um crédito bancário, pelo que o cliente deve dirigir uma carta à direcção comercial, a solicitar o cartão de crédito. Para os de débito da rede VISA, “basta ir ao balcão e preencher o formulário de adesão”, explicou a técnica de serviço.
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