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CESTA BÁSICA MAIS CARA

Comércio admite dificuldades em controlar preços

ESPECULAÇÃO. Secretário de Estado, Jaime Fortunato, considera “necessária” a intervenção da fiscalização de modo a combater-se a especulação.

O s preços dos produtos, sobretudo dos que compõem a cesta básica, não param de subir. O secretário de Estado do Comércio, Jaime Fortunato, que presidiu, na semana passada, a um encontro com operadores do comércio, justificou que a situação se deve a “práticas ilícitas” na comercialização de produtos como a farinha de trigo. O governante desafiou, por isso, a fiscalização a pôr fim ao que chamou de “práticas predatórias de preços”.

Os operadores defendem, no entanto, a criação de uma central de compras, como solução para atender os empresários. O objectivo é assegurar que os produtos sejam vendidos de forma dirigida aos “reais industriais”, que serão obrigados a apresentar um mapa de produção, com vista a garantir-se um “controlo rigoroso”.

O Ministério do Comércio acolheu a proposta, num encontro que juntou, em Luanda, o Banco Nacional de Angola, o Ministério das Finanças, os Serviços de Investigação Criminal e representante de associações empresariais, para se discutirem as ‘medidas para inibir a subida dos preços dos principais produtos da cesta básica’. Mas também para analisarem a dotação de cambiais para a importação de farinha de trigo e as quantidades de bens da cesta básica importadas no primeiro semestre.

Presente no encontro, o ministro do Comércio, Fiel Constantino, apontou também dificuldades em regularizar o mercado do pão. “Está a verificar-se uma falha do mercado em alguns produtos, sobretudo, o preço do pão que tem registado um comportamento praticamente descontrolado, que leva a insatisfação aos consumidores”, avaliou o governante.

Fiel Constantino considerou “ser útil” juntar os responsáveis do sector empresarial para manter a “ordem e tranquilidade” no mercado do pão”, mas também de outros produtos da cesta básica.

O presidente da Associação dos Panificadores de Angola (AIPP), Gilberto Simão, lembrou, entretanto, que já foi estabelecido um preço de referência para a venda do trigo, que deve chegar entre sete e nove mil kwanzas o saco. Por isso entende que não se justifica que haja comerciantes a vender o saco de trigo por 20 mil kwanzas. “Estes estão a especular e a denegrir o Estado”, acusou.

Este ano, pelo menos 32 produtos e serviços passaram a ter os preços vigiados, entre os quais o arroz, leite, transportes, açúcar, carne, peixe, sal, batata, tomate, cebola, farinha, massa e medicamentos. A intenção do decreto executivo era travar a especulação, no entanto, no mercado, mantém-se a tendência de subida dos preços.

Dados do Instituto Nacional de Estatística indicam que o Índice de Preços no Consumidor Nacional registou uma variação de 4,26%, durante o período de Junho a Julho. A classe da alimentação e bebidas não alcoólicas foi a que maior variação teve e consequentemente a que mais influenciou o aumento dos preços da cesta básica nas restantes 17 províncias. Em Luanda, a classe da alimentação contribuiu para o aumento de preços em 6,22% em Julho em relação ao mês anterior.