Consórcio Rede Camponesa assina contratos de 15 milhões USD
AGRONEGÓCIO. Criado há menos de cinco meses, Consórcio reúne nove especialidades de serviços envolvidos no agronegócio. Gestor da Rede, Gentil Viana, mostra-se, entretanto, preocupado com incapacidade de resposta de produtores.
O Consórcio Rede Camponesa assinou, há dois meses, um contrato para a exportação de 30 mil toneladas de ginguba, mandioca e milho, avaliado em 15 milhões de dólares. A encomenda deve ser entregue dentro de um ano.
O presidente do Consórcio, Gentil Viana, mostra-se, no entanto, preocupado pelo facto de o país não estar a produzir em grandes escalas estes produtos agrícolas. Há dois meses, por exemplo, uma brigada do Consórcio esteve no Uíge à procura de ginguba, tendo conseguido menos de uma tonelada desse produto. “Em outros países, como Egipto, Nigéria ou Senegal, que é o número um em África, com um contrato de 50 mil toneladas, em uma semana aparece a mercadoria. Isto porque está todo o mundo já em cadeia, a contar que vai haver compradores”, comparou.
Gentil Viana entende que, em Angola, há pouca produção agrícola, não só de ginguba, mandioca e milho, como de outros alimentos, como consequência da falta de fábricas que absorvam e transformem os produtos, o que também retrai o surgimento de cadeias produtivas. “Uma massa de tomate faz-se hoje e fica na lata dois anos sem problemas, mas um tomate fresco, três semanas depois, sem dar-lhe um destino, começa a estragar. Então, temos de ter fábricas”, aponta.
O Consórcio Rede Camponesa “vai andando”, por isso, pelo país, mobilizando produtores agrícolas, no sentido do alargamento da produção, principalmente dos três produtos encomendados, para conseguir honrar o compromisso nos próximos 12 meses. “Todos os dias, entram novos membros na Rede Camponesa. Quem tiver uma fazenda pode contactar o consórcio e participar neste desafio. E assinámos um contrato de produção de mandioca ou milho para o próximo ano”.
O empresário não precisou o destino das exportações, mas avançou que os maiores compradores internacionais da ginguba, mandioca e milho são países industrializados, como os da Europa Ocidental, América do Norte, e asiáticos, nomeadamente Japão, Coreia do Sul e China.
Criado há menos de seis meses, o Consórcio Rede Camponesa reúne nove especialidades de serviços envolvidos no agronegócio. A primeira classe, explica Gentil Viana, é composta por fornecedores dos insumos. “Aquele que vai levar até ao campo aquilo de que se precisa para trabalhar, como por exemplo, gasóleo, sementes ou adubos.”
Prestadores de serviços, como fitossanitário, veterinários e os serviços de desinfestação estão na segunda posição, enquanto, em terceiro, surgem os produtores agrícolas em diferentes dimensões (camponeses, agricultores e fazendeiros). Na linha quatro, surge o serviço de transportes, que se encarrega de movimentar os produtos do campo para diferentes destinos.
A indústria transformadora aparece na quinta posição, seguido da distribuição. Os serviços bancários e seguros também são chamados pelo Consórcio Rede Camponesa, para facilitar não apenas os financiamento, mas também o pagamento de diferentes operações, surgindo, deste modo, na classe sete, enquanto na posição oito está o serviço imobiliário, que surge para viabilizar a construção, compra ou arredamento de armazéns ou centrais de logísticas. Por último, são chamadas as instituições públicas, como Instituto Nacional de Apoio a Pequenas e Médias Empresa, para eventuais certificações de operadores envolvidos na Rede Camponesa.
JLo do lado errado da história