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FRACA PRODUÇÃO AGRÍCOLA APONTADA COMO IMPASSE

Consórcio Rede Camponesa falha contrato de 15 milhões USD

AGRICULTURA. Fraca produção dos camponeses apontada como obstáculo do sucesso do negócio milionário de exportação de mandioca e ginguba.

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O Consórcio Rede Camponesa desistiu de um contrato de fornecimento de mandioca e milho, avaliado em 15 milhões de dólares, por incapacidade de adquirir, no espaço de um ano, 30 mil toneladas de tais produtos do campo.

O contrato foi assinado no segundo semestre de 2016 e previa a intermediação do Consórcio Rede Camponesa na aquisição de 30 mil toneladas de mandioca e ginguba para fornecer a um grupo de empresários estrangeiros, baseado no exterior do país.

No termos do contrato, a entrega da encomenda estava prevista para o segundo semestre deste ano, o que já não deverá acontecer devido à rescisão unilateral da parte angolana. Durante vários meses, brigadas do Consórcio Rede Camponesa andaram pelo país, mobilizando agricultores e fazendeiros, na tentativa de honrar o compromisso com os compradores estrangeiros.

“Tivemos de suspender este contrato, porque não conseguimos recolher os produtos. Há muito pouca produção, tanto de mandioca como de ginguba por parte dos camponeses”, aponta o presidente do Consórcio Rede Camponesa, Gentil Viana.

Questionado sobre se os 15 milhões de dólares, para a implementação do projecto, seriam devolvidos, Gentil Viana explicou que, por altura da assinatura do contrato, a verba não tinha sido disponibilizada pelos compradores. Tal como no ano passado, o presidente do Consórcio Rede Camponesa recusou-se a identificar os compradores, bem como os países destinatários da mercadoria.

Em Outubro de 2016, aquando da apresentação do projecto, Gentil Viana já se tinha mostrado “céptico” em relação ao sucesso do negócio, tendo em conta a débil produção agrícola nacional. Gentil Viana entende que a fraca produção é consequência da falta de fábricas que absorvam e transformem os produtos do campo, o que também retrai o surgimento de cadeias produtivas.

Criado no início de 2016, o Consórcio Rede Camponesa reúne nove especialidades de serviços inerentes ao agronegócio. A primeira classe é composta por fornecedores dos insumos. Prestadores de serviços, como fitossanitário, desinfestação ou veterinário estão na segunda posição, enquanto em terceiro surgem os produtores agrícolas em diferentes dimensões (camponeses, agricultores e fazendeiros).

Na linha quatro, segundo Gentil Viana, surge o serviço de transportes, que se encarrega de movimentar os produtos do campo para diferentes destinos. A indústria transformadora aparece na quinta posição, seguida da distribuição.

Os serviços bancários e seguros também são chamados pelo Consórcio Rede Camponesa, para facilitar, não apenas os financiamentos, mas também o pagamento de diferentes operações, surgindo, deste modo, na classe sete. Na posição oito, está o serviço imobiliário, que surge para viabilizar a construção, compra ou arrendamento de armazéns ou centrais de logísticas.

Por último, são chamadas instituições públicas, como o Instituto Nacional de Apoio a Pequenas e Médias Empresa, para eventuais certificações de operadores envolvidos na Rede Camponesa.