“Continuamos a cometer os mesmos erros que trazemos desde a independência”
Antigo PCA da Taag – sem funções executivas como sublinha – levanta sérias dúvidas sobre a utilidade do novo aeroporto e até receia que possa seguir o mesmo caminho de outros equipamentos africanos que fecharam. Pelo meio, coloca reticências ao futuro da transportadora nacional. Também ‘torce o nariz’ à criação de metro de superfície, sugerindo outras soluções para os transportes de Luanda. Hélder Preza não hesita em criticar a gestão, tanto pública e privada, e não tem dúvidas de que falta capacidade aos gestores
É das vozes que sempre manifestou reservas em relação ao Aeroporto Internacional Dr António Agostinho Neto. Mantém essa forma de ver ou acredita mais no sucesso?
É preciso diferenciarmos aquilo que são os nossos desejos, o nosso querer e as nossas vontades com o que a realidade factual nos dita. É um facto que Luanda, em função das estatísticas de tráfico, um aeroporto daqueles está minimamente sobredimensionado, está acima do que seria razoável. É evidente que, independentemente dos erros que terão sido cometidos, o aeroporto está aí e é preciso encontrar uma fórmula para mais racionalmente possível geri-lo e rentabilizá-lo. Há várias iniciativas no sentido de operar esse aeroporto da melhor forma possível e pode ser que se consiga encontrar uma fórmula de utilizar as infra-estruturas para outros destinos que não sejam só a operação de aeronaves, já que envolver um tráfego semelhante ao que conhecemos e, portanto, está muito aquém da capacidade plena do aeroporto.
Ou seja, não acredita na transformação de Angola num ‘hub’?
São desejos e sonhos, e deles não reza a História. O tráfego é feito com base científica, não é feito com base em desejos, em vontades. Existe uma correlação muito estreita entre o crescimento de tráfego e o crescimento económico. Os mais optimistas esperam que Angola cresça, nos próximos anos, entre 2% e 4%, mas existem também alguns indicadores que dizem que se crescer 1% será muito.
Mesmo que Angola cresça 5% a 6 % ao ano, seria um milagre económico. Mesmo que isso aconteça e o tráfego cresça proporcionalmente, Luanda nem daqui a 20 anos terá tráfego suficiente para a capacidade do novo aeroporto. Pode ser que seja possível encontrar formas de utilizar este aeroporto que não seja só para o tráfego de passageiros e carga. Há uns anos, falou-se da possibilidade de se criar uma cidade aeroportuária. É possível que se encontrem parceiros que queiram, por exemplo, transformar esse aeroporto numa grande base de manutenção de aeronaves, recebendo aeronaves de várias partes do mundo para manutenção.
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