Crise desencoraja investimento de 10 milhões USD em água
INDÚSTRIA. Empresário garante que não se sente “confortável” para fazer novos investimentos e teme por falência da unidade que está localizada na Huíla e produz oito mil garrafas por hora.
Os accionistas da fábrica produtora da marca de água Preciosa, detida pelo grupo ‘O Regente’, estão com receio de concretizar um investimento de nove a 10 milhões de dólares, que visa aumentar a produção e, sequencialmente, exportar para o mercado árabe, devido ao “mau ambiente económico em Angola”.
Apesar de garantir a existência de condições financeiras e técnicas, Valdemar Ribeiro, director-geral, explica que os receios provocados pelo actual momento impossibilitam o investimento numa nova linha de produção com uma capacidade três vezes mais do que a actual (oito mil garrafas por hora). “Investir numa economia como a nossa é um grande risco, porque depois vamos produzir e endividar-nos. O BDA não está muito interessado em novos investimentos, porque sabe que há muitos riscos”, assinala, insistindo não haver “motivação nenhuma” para novos investimentos. “Preferimos estar em compasso de espera. O mercado da SADC deixou de ser atractivo, temos o mercado árabe que gosta de pagar pela qualidade. O nosso foco para a expansão seria o mercado árabe. Temos de ter um produto não só com grande qualidade mas também diversificado. Como não estamos a fazer investimentos, não vamos poder aumentar a produção nem diversificar os produtos para, em condições, entrar no mercado árabe.”, explica.
A redução do poder de compra é outro problema com que se debate a fábrica que adquire cerca de 85% da matéria-prima internamente “a preços altos em relação ao exterior”. Fruto disso, refere, foram obrigados a reduzir 60% da produção, além de suspenderem alguns contratos com os funcionários. E, face ao cenário económico, o empresário não acredita num regresso imediato dos que foram a casa, já que, nos últimos anos, a “luta tremenda” tem sido a redução das vendas, motivada pela desvalorização do kwanza.
“Quando investimos é para vender, se a população não tem poder de compra não vamos vender. Corremos o risco de falir e o banco tomar o nosso negócio”, justifica-se, questionando-se de imediato: “O que adianta produzir e diversificar mais, se depois não vendemos mesmo tendo grande qualidade?”.
Outra dor de cabeça de Valdemar Ribeiro é a taxa dos impostos “excessiva” e que assim contribui “grandemente para a redução dos clientes”, pelo que defende a “retirada urgente” do IVA na água. “A água é um bem essencial, não de luxo, diferente da cerveja ou gasosa. O Governo taxou a 14%, quem paga é o cidadão, este deixou de comprar. Não é uma ideia lógica de o Governo taxar a água com IVA de 14% nem de 5 ou 10%. A água deve ser um produto livre”, advoga.
O empresário não vê a necessidade de o país mergulhar numa crise sem precedentes, deixando os cidadãos sem poder de compra quando dispõe de “um potencial natural enorme”.
“Quem no fundo acaba por ter poder sobre o judicial...