PROJECTO CONGELADO PELA TERCEIRA VEZ

Crise trava construção do Porto do Kwanza-Sul

INFRAESTRUTURA. Porto Amboim vê mais uma vez adiado o sonho de ter um serviço portuário comercial. Só a primeira fase está orçada em 400 milhões de dólares e o Governo diz não ter dinheiro.

O projecto de construção do Porto Comercial de Porto Amboim, no Kwanza-Sul, poderá já não sair do papel este ano, como estava previsto. O plano encontra-se novamente congelado por falta de verbas, sendo que esta é a terceira vez que o projecto é protelado, desde que foi apresentado há cinco anos.

Segundo o presidente do conselho de administração do Porto Amboim, Abel Cosme, a crise financeira está na base do congelamento deste programa governamental. Depois de falhar em 2013 e 2014, a primeira fase deveria arrancar neste primeiro trimestre de 2017, prevendo-se a conclusão global da empreitada para 2024.

Quando, em 2014, foi apresentado pela segunda vez, o projecto, avaliado em 400 milhões de dólares, ficou-se a saber também que a obra seria executada pela Sociedade SPAL, que surge da sociedade entre a petrolífera pública Sonangol e o grupo Sogester (gestor de terminais), tendo sido este último que se encarregou da elaboração da ‘maquete’ do futuro porto.

A presidente do conselho de administração da Sonangol, Isabel dos Santos, já avisou que a sua administração vai concentrar-se na liquidação de dívidas da empresa. Aliás, várias empreitadas ligadas à petrolífera (como a obra da Refinaria do Lobito, em Benguela) foram canceladas pelas mesmas razões de ordem financeira.

O futuro porto do Kwanza-Sul está projectado numa área de 80 hectares e o orçamento total da obra prevê também estudos preliminares de impacto ambiental, drenagem, molhes e aterros. “Vontade há para construção deste porto, o que não há é o dinheiro. Mas temos de compreender, porque sabemos que há crise e este não é o único programa do Governo que foi congelado. Só estamos no início do ano. Vamos aguardar”, tranquiliza Abel Cosme.

Prevê-se a construção num calado médio de profundidade de 18.5 metros, sendo que a ponte cais deverá ter um comprimento de 1.940 metros, capaz de permitir a carga e descarga de um número considerável de contentores.

A infra-estrutura portuária, que se pretende moderna, deverá ainda estar dotada de capacidade multifunções para receber ou enviar carga convencional, granel e carga offshore.

Com a construção do novo Porto Comercial do Porto Amboim, o Governo prevê impulsionar o crescimento económico do Kwanza-Sul, bem como integrar a província no roteiro marítimo mundial.

Este porto, apesar de ter já há alguns anos um conselho de administração, é o único, entre seis portos de Angola (de Cabinda, Zaire, Luanda, Lobito e Namibe) que não realiza actividade comercial. A empresa tem 45 funcionários.

Entretanto, há correntes que minimizam a construção de um porto, no Kwanza-Sul, pela proximidade da província com os portos de Luanda, a Norte, e de Lobito, a Sul. Mas, Abel Cosme justifica a construção, argumentado que uma “infra-estructura portuária é sempre rentável”, pelas potencialidades agrícolas e pecuárias da província.