Da zunga à empresa de serviços
OFÍCIOS. De estivador de grades de cerveja a promotor de vendas, de taxista a empreendedor. Eis o percurso de Álvaro Muanza, que criou a empresa ‘Ti Saldo’ e que até emprega mais de 20 jovens. Com lojas na Brigada, Rangel, Zango 3 e Viana, prevê abrir mais um estabelecimento no Camama ainda este ano. Também investiu numa cozinha que fornece em ‘take-away’.
Acarreira profissional de Álvaro Muanza, de 33 anos, é um exemplo de como se consegue subir ‘a pulso’, transformando a luta diária de um estivador num sucesso de empreendedorismo. Hoje, Muanza, ou ‘Ti Saldo’, como é conhecido, garante que factura acima de um milhão de kwanzas mensalmente. Emprega mais de 20 jovens, que encontraram nas lojas e na cozinha ‘Ti Saldo Produções’ as primeiras oportunidades de trabalho.
Com duas lojas de raiz e sem precisar de pagar renda, na Brigada e no Zango 3, ‘Ti Saldo’ procura descentralizar os serviços e melhor servir os clientes. Todas as lojas fornecem os mesmos serviços, como timbragem em camisolas, chávenas, coletes, sacos de papel, chapéus, lapiseiras, chinelas, envelopes, porta-chaves, convites, carimbo, impressão em lona, cartão-de-visita, passes em PVC, panfletos, criação de logótipo, entre outros serviços.
O jovem empreendedor ainda tem outros estabelecimentos como uma cozinha ‘pronto a comer’ e ‘take-away’ com entregas gratuitas. Há ainda serviços de venda de saldo de recarga da Movicel e Unitel e pacotes da Zap e Dstv e venda de computadores.
É com esta variedade de serviços que o antigo estivador montou um negócio que vai dando ‘cartas’, em Luanda. O nome, ‘Ti Saldo’, surgiu como estratégia para ganhar notoriedade, mas inspirado numa das vendas que fazia quando percorria as ruas. “Sempre pensei em criar algo diferente, foi que criei o primeiro chapéu com recargas virgens numa festa de carnaval e que chamou a atenção de todos.”
Começou com a primeira loja PSC ‘Prestação de Serviços de Computadores’, cujo objectivo era fazer apenas impressão de fotografias, convites e cartões-de-visita. Depois de economizar, conseguiu comprar uma máquina de timbragem. Na altura, ainda trabalhava com ferros de engomar para timbrar as camisolas. Com o passar do tempo, foi adquirindo outros materiais.
Adquiriu a primeira máquina de estampar por cinco mil kwanzas, em segunda mão, ainda na década de 1990. Depois de estabilizar a gráfica, viu-se obrigado a criar outros negócios com o mesmo alvará de prestação de serviço. Assim nasceu a ‘Cozinha Ti Saldo’.
Na Ti Saldo produções, há encomendas de todo o tipo: desde uma única unidade às centenas. Pela timbragem de uma camisola, a empresa cobra cinco mil kwanzas. Para quem encomenda acima de dez peças, o valor é descontado em 50%, o que quer dizer que paga 2.500 kwanzas, por cada camisola. O mesmo desconto é aplicado a outros produtos da loja. “Quanto maior for a encomenda, menor é o valor a pagar por unidade”, resume.
Pelo volume de encomendas, não consegue determinar, com exactidão, a quantidade de trabalho semanal, mas tem a certeza de ter “uma boa facturação” e destaca a capacidade das suas gráficas que não se limitam à impressão em papel.
Os pedidos do ‘Ti Saldo Produções’ não se ficam por Luanda. Quem estiver fora da capital também pode adquiri-los através dos serviços da Ango-Real e Macon. Em Luanda, as entregas são feitas por estafetas a custo zero. Da cozinha e dos serviços de gráfica paga-se uma percentagem, que é negociável.
Os funcionários trabalham em regime de turno que podem ser de 48 horas de trabalho e 48 horas de folga, de modo a que as empresas estejam sempre à disposição dos clientes. As lojas abrem às 7 horas e fecham às 21 horas.
Antes da crise financeira, o material, como máquinas de impressão, copiadora e timbragem, era adquirido na empresa American Flag, em Angola, que ainda dava formação, mas, actualmente, o ‘Ti Saldo’ importa dos países vizinhos, como Namíbia e África do Sul, mas também do Brasil e Portugal. A opção é sempre arranjar o melhor preço.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...