Demora na emissão de documentos atrasa formalização de comerciantes
MERCADOS INFORMAIS. Programa está instalado, para já, em dois mercados em Luanda, mas espera-se que, até Março, seja implementando praticamente em todo o país.
Vendedores dos Mercados do KM 30, Luanda Sul e Sanzala, em Viana, e do Kikolo em Caucuaco, onde as brigadas do Programa de Reconversão da Economia Informal (PREI) já se fazem presentes, queixam-se de pouca informação sobre o programa, e quem já foi cadastrado aponta excessos de burocracia e morosidade na emissão dos documentos.
A coordenadora do Mercado do Luanda Sul, que não queria ser identificada, diz que ela e grande parte dos vendedores estão insatisfeitas com o atendimento. ‘‘Eles vieram aqui e não atenderam todos os vendedores da praça e os que eles atenderam não lhes deram os documentos, têm de seguir onde eles vão’’, desabafa.
Maria Conceição, vendedora do Mercado 30, diz, por sua vez, estar “cansada” com o tempo que leva para conseguir tratar dos documentos que lhe permitem formalizar o negócio. “O atendimento é muito lento, já ficámos sem vender quando viemos aqui e só conseguimos tratar de um documento por dia. O atendimento começa muito tarde, fui cadastrada no Mercado 30, no Luanda Sul, consegui o cartão de bancada, agora espero conseguir aqui no mercado da Sanzala o NIF e o registo na segurança social’’, adianta a vendedora, visivelmente esgotada.
Por outro lado, Claudina Manuel Adão, comerciante de cerveja no Mercado do Kikolo, explica que decidiu enfrentar a longa fila e suportar o sol para ver formalizado o negócio. ‘‘Vim tratar dos documentos para entrar na caixa social e conseguir o meu NIF, para ver se me podem dar 200 ou 150 mil kwanzas para aumentar o meu negócio’’, anseia.
Já o presidente da Associação dos Vendedores dos Mercados Informais, Óscar Cristóvão, que também acompanha a equipa do PREI, critica a comunicação da equipa de trabalho com os vendedores e lamenta por ver a sua agremiação colocada de fora do processo. ‘‘Muitos vendedores não sabem o que realmente se passa, era bom que formassem uma brigada só para a informação. Os vendedores procuram-nos, se nós não estamos integrados não conseguimos atendê-los’’, desabafa o líder associativo, que avança também ser este “o melhor programa de protecção social’’. Por isso, apela para maior seriedade aos responsáveis.
Uma fonte ligada ao programa garantiu, entretanto, ao Valor Económico, que têm disseminado a informação para todos os vendedores. ‘‘Não estamos muito preocupados que a mensagem seja totalmente do domínio dos vendedores, mas estamos interessados que isso aconteça gradualmente e o ‘marketing bocal’ nos tem ajudado’’, adiantou a fonte, que admite haver processos e documentos não concluídos nos mercados, tendo em conta que têm de ‘‘atender uma campanha e, ao mesmo tempo, atender as rotinas de trabalho, é pesado’’.
O PREI tem disponíveis 2 mil milhões de kwanzas para conceder crédito aos comerciantes, sendo que estes serão capacitados na gestão de negócios. O montante mínimo para o crédito é de 50 mil e o máximo é de 7 milhões de kwanzas, a serem reembolsados em dois anos.
O programa marca presença simultânea em dois mercados, estando agora no Mercado da Sanzala, em Viana, e no Mercado do Kikolo, em Cacuaco. Na segunda quinzena deste mês, espera-se que o programa chegue ao Huambo, Huíla, Benguela, Bié e Cuanza-Sul. Em fevereiro, deverá ser a vez do Cunene, Namibe e Cuando-Cubango e, em Março, Lundas Norte e Sul, Moxico Bengo, Cabinda, Malanje e Zaire.
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