“Deveríamos investir mais na música e na qualidade”
MÚSICA. Autora de sucessos como ‘Superstar’, ‘Comando’ e ‘Fato’, Celma Ribas critica a pouca qualidade nas músicas de hoje e sugere “mais esforço” por parte dos colegas. Fora dos palcos por um ano, regressa apostada num novo negócio fora da música. No meio de muitas surpresas, agenda o lançamento do novo álbum para Setembro.
Como cria a ‘Miminhos em Papel’?
Foi tudo numa brincadeira. Nunca pensei que tinha jeito para tal. Aprendi a fazer as flores com uma amiga na Alemanha e, quando chego a Luanda, faço uma para o quarto do meu filho. As pessoas viam e encomendavam. A princípio só cobrava o material, mas as encomendas aumentaram e houve necessidade de cobrar por todo o trabalho.
O negócio está a ganhar espaço. Como vê o mercado?
É verdade! Como empresa, a ‘Miminhos em Papel’ é a primeira a surgir em Angola. Estamos há um ano. O mercado está muito bom e as pessoas gostam muito. Elas servem para decorar todo o tipo de eventos e em qualquer casa ou estabelecimento comercial.
Como andam as encomendas?
Depende. Há ‘meses das festas’, porque parece que todo o mundo quer casar, como Novembro e Dezembro. Nestes meses, pode fazer-se mais de 600 mil flores por semana.
Encontra o material com facilidade em Luanda?
A cartolina é a mesma que se usa na escola, mas é tudo importado. Infelizmente, não temos fábrica de papel. As flores são todas feitas em papel das mais variedades que existem. Mas com o que o mercado oferece dá para trabalhar.
Qual foi o capital inicial?
Comecei com 200 mil kwanzas. A princípio, estava sozinha, hoje garanto emprego para nove funcionários. Brevemente, mudamo-nos para um espaço maior, em Talatona.
Já se sente realizada?
Sinto-me meio realizada, por ter a minha empresa constituída. Além de flores, fazemos velas personalizadas, decoramos casas, festas de aniversário, casamentos, entre outros eventos.
Já servem fora de Luanda?
Nestes casos, fazemos as flores e enviamos com um vídeo explicativo de como montá-las. Ausentou-se dos palcos.
Está a preparar o próximo álbum?
Estou com o álbum pronto. Provavelmente, em Setembro, vai acontecer um lançamento especial para os meus fãs. Foi produzido em 50 por cento pelo Heavy C e a outra parte por vários produtores novos talentos. Lancei recentemente o novo vídeo clipe da música ‘Pra mim’.
O que vai trazer de diferente?
O lançamento em si será diferente. Vai ter uma nova estratégia, não vai ser como o habitual, venda na Praça da Independência. Mas não posso revelar muito, senão tiro o efeito surpresa. Não quero divulgar participações, porque também fazem parte das surpresas.
Como está a agenda?
Estive recentemente no ‘Moda Belas’. A 5 de Agosto, vou ao W Club. Estamos a ver alguns ‘shows’ em Moçambique, porque chegam muitos convites de lá.
Como vê a internacionalização dos artistas?
É preciso não forçar muito só porque queremos que as nossas músicas toquem no estrangeiro. É só fazer boa música e dedicar-se. Quando a música é boa, seja em que língua for, ela toca, independentemente da cultura, ela toca. A minha visão é fazer música de qualidade.
Alguns artistas vão pelo imediatismo?
Em alguns casos, sim! Às vezes, fico a pensar como vai ser o amanhã. Ouço músicas do ‘mais velho’ Bangão, que já faleceu, no entanto, as suas músicas são vivas, tocam e são sucesso até hoje. A minha preocupação é manter essa linha de qualidade para que, mesmo eu partindo, a música fique! Devíamos investir mais na música e na qualidade.
Sente que falta qualidade?
Acho que sim, principalmente nas composições. Há músicas que a pessoa ouve e fica com a ‘pulga’ atrás da orelha.
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