ESTADOS-MEMBROS COM QUOTAS POR REGULARIZAR

Dificuldades financeiras atrasam CPLP

COOPERAÇÃO. Angola até cumpre com os pagamentos de quotas, mas de forma irregular. Vários países acumulam dívidas. Ainda assim, CPLP quer reforçar as ligações económicas.

CPLP

A ngola figura na lista dos países que mais pagam quotas na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), no entanto, é o menos regular quando comparado a Portugal e ao Brasil, principais financiadores da organização.

Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste têm pagamentos por regularizar. Não está feito o ponto de situação da Guiné-Equatorial, o mais recente membro da organização admitido em 2014.

O valor da quota anda à volta dos 500 mil euros/ano. Feitas as contas, a arrecadação da CPLP anual não atinge os cinco milhões de euros/ano, via pagamentos de quotas. No entanto, o embaixador angolano na CPLP, Oliveira Encoge, que evitou abordar a quotização, avança que “Angola paga um pouquinho acima dos 500 mil euros”.

Para o analista em relações internacionais Francisco Ramos da Cruz, as dificuldades financeiras, no seio da organização, também constituem bloqueios à integração económica dos países, “adiando os anseios dos povos”.

Com parcos recursos financeiros, a organização tem limitações na implementação dos seus projectos, ficando refém de doações adicionais. Há Estados-membros, como a Guiné-Bissau, que não têm orçamentos estáveis e sobrevivem de doações internacionais.

“Muitas vezes, é Angola que disponibiliza um avião para ir buscar a delegação de Cabo-Verde ao mais alto nível, como o presidente da República ou o primeiro-ministro”, revela o especialista, defendendo que o Governo devia criar uma plataforma de maior aproximação e exploração do potencial da organização em todos os aspectos.

A livre circulação de pessoas e o reforço da cooperação económica entre os países da CPLP foi praticamente o tema ‘forte’ da 12.º conferência dos chefes de Estados e de governos da CPLP, em Cabo Verde. Reiteraram-se vontades, mas os desequilíbrios entre as economias também se apresentam como um ‘grande desafio’, que a Confederação de Empresários da CPLP quer ver resolvido com urgência.

“Enquanto uns pensam em estabilidade política, social e económica, outros, por ser um dado adquirido, já pensam em desenvolvimento sustentado e não se revêem em golpes de Estado”, afirma Francisco Ramos da Cruz.

PACTO DE FINANCIAMENTO EM NOVEMBRO

Face à necessidade de impulsionar a economia da CPLP, principalmente dos membros africanos, a organização vai assinar, em Novembro, um acordo com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), designado Pacto de Financiamento para o Desenvolvimento dos Países de Lusófonos em África.

Segundo um comunicado da secretária executiva da CPLP, Maria do Carmo Silveira, e do presidente do BAD, Akinwumi Adesina, o objectivo do pacto é o de “fortalecer o papel do sector privado na promoção do desenvolvimento sustentável e inclusivo nos países beneficiários, atraindo investimentos para ajudar a agregar valor aos produtos de consumo e recursos naturais locais, bem como impulsionar a industrialização e criar empregos”.

O pacto, que deverá ser assinado durante o Fórum de Investimento para África, marcado para o início de Novembro, em Joanesburgo, África do Sul, é um dos principais resultados da conferência dos chefes de Estado e de governos da CPLP, em Cabo Verde, onde o presidente de Timor-Leste, Francisco Guterres Lu-Olo, foi o ‘grande’ ausente, pelo facto de a sua participação não ter sido aprovada pelo parlamento timorense.