“É norma que quem governa seja penalizado”
ELEIÇÕES. Membro do Movimento Cívico Mudei, Carlos Figueiredo afirma que era espectável que o MPLA perdesse as eleições em Luanda, tendo em conta o aumento dos espaços de debate e a crescente consciência política na capital angolana. Engenheiro agrónomo, Figueiredo diz ter dúvidas dos resultados anunciados pela CNE.
A credita nos resultados definitivos das eleições de 24 de Agosto de 2022 anunciados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE)?
Tenho muitas dúvidas. A forma como se conduziu o processo contribuiu para um deficit de credibilidade da CNE e, em consequência, dos resultados anunciados. As barreiras colocadas às sondagens e à observação por parte dos cidadãos; a desinformação sobre a afixação das actas; as reclamações várias; as detenções de cidadãos por estarem a realizar sondagens (quando a própria TPA anunciou ter feito uma) são tudo elementos que criam dúvidas em muita gente. Aliás, o facto de ter colocado esta questão é já um sintoma de estarmos numa situação anormal. O normal seria discutirmos os resultados e as suas causas e não sobre acreditar-se ou não nos números oficiais.
Como é que a CNE recuperaria a credibilidade?
É muito fácil a CNE retirar-nos deste tipo de discussão, publicando os valores das contagens por assembleia e mesa, tornando transparente o seu processo de contagem. Nos casos em que as actas foram afixadas, muitos cidadãos fotografaram as mesmas e poderão verificar o cálculo oficial. No Movimento Cívico Mudei (MCM), houve um enorme rigor e esforço organizativo, para realizar sondagens e para processar os dados de actas que milhares de cidadãos enviaram por fotografia. Os nossos resultados são diferentes dos oficiais. É verdade que são apenas uma amostra ao contrário dos oficiais que deverão ser de todo o universo. Mas, nestas questões de números, não deve ficar espaço para opiniões. Se houvesse transparência, os resultados dificilmente poderiam ser questionados.
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