“É proibido usarmos transgénicos, mas compramos farinhas e massas transgénicas”
“É proibido usarmos transgénicos, mas compramos farinhas e massas transgénicas” Formado na célebre e antiga escola do Tchivinguiro, Jorge Coimbra faz-se valer da sua experiência para insistir num tema: conhecimento. Aprender, aprender sempre é o lema deste engenheiro agrónomo que vê a formação como o centro para o desenvolvimento da agricultura em Angola. E, como acredita que falta muita formação, está convencido de que o país não está preparado para a implementação do Planagrão. É bastante crítico da forma como o programa do Governo foi implementado e conclui que o país “não tem quadros” e que quem dirige vive numa “ilusão paradisíaca”, “atirando números e mais números”, sem saberem do que falam.
Como analisa o Plano Nacional de Fomento para a Produção de Grãos (Planagrão) recentemente lançado pelo Governo?
O Governo fez bem em ter lançado este programa. É ambicioso. No entanto, creio que o país não está preparado para este tipo de plano, porque temos muita gente que é mais teórica do que prática. Há pouca gente a saber de arroz, de trigo e de soja. E algumas pessoas sabem de milho. Não estamos preparados para um plano tão ambicioso, porque não temos quadros conhecedores para darem forma a este plano.
Podemos sempre contar com a ‘importação’ de investidores que dominam o sector?
O nosso caminho não é a importação. Temos um país capaz de dar resposta à nossa produção. O problema é que as empresas que se propuseram a fazer agricultura em profundidade e em escala foram entregues a pessoas que têm dinheiro, mas que não têm conhecimento e não se muniram de quadros necessários para desenvolver esse tipo de agricultura. Muitas delas fracassaram. Depois, não é possível estarmos numa iniciativa de produzirmos grãos e repentinamente cair dentro do país uma importação que vem fazer frente e dificultar a venda de quem produz. Se produzir milho e não conseguir vender, tenho dificuldades em conseguir suportar a campanha seguinte e este é o principal dilema. Há aqui um desequilíbrio muito grande entre o querer, o fazer e a realidade do país.
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