Economia angolana cresce 1,1% em 2017
A economia angolana cresce 1,1% este ano, de acordo com projecções anunciadas ontem (16), em comunicado, pela missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) que permanecia em Angola desde 6 de Novembro.
A missão, liderada pelo director do Departamento Angola do FMI, o economista brasileiro Ricardo Velloso, estima que a economia registe este ano um crescimento de 1,1% e que a balança sobre o estrangeiro registe melhorias, devido à evolução positiva registada nos termos de troca, mas acrescenta que a inflação mantém-se elevada.
O documento admite que Angola está a registar este ano uma recuperação económica ligeira, mas continua a ter desequilíbrios macroeconómicos significativos, pode ler-se no comunicado quarta-feira divulgado em Washington e elaborado pela missão que recentemente concluiu uma visita de 10 dias ao país.
O comunicado sublinha que as vendas de moeda estrangeira, por parte do Banco Nacional de Angola, estão a aumentar, o que fez com que as reservas sobre o exterior tenham caído para 14,9 mil milhões de dólares em Outubro. A diferença entre as taxas de câmbio oficial e paralela mantém-se elevada, continuando os pedidos de divisas da banca comercial a não serem totalmente satisfeitas, pode ler-se no comunicado.
A missão do FMI a Angola manteve discussões preliminares relativas às políticas económicas e planos de reforma previstos pelo Governo, para solucionar os desequilíbrios macroeconómicos conseguir melhorar as perspectivas de crescimento, contidos no plano intercalar a seis meses, a executar até Março de 2018. “Os desequilíbrios macroeconómicos devem ser enfrentados com determinação.
O plano intercalar está adequadamente centrado nos objectivos de intensificar os esforços de consolidação orçamental, introduzir maior flexibilidade na taxa de câmbio e melhorar a governação e o ambiente de negócios, de modo a promover um crescimento mais rápido bem como a diversificação económica”, conclui o comunicado.
A missão manteve encontros com os ministros de Estado para o Desenvolvimento Económico e Social, das Finanças, da Economia e Planeamento e do Comércio, Manuel Nunes, Archer Mangueira, Pedro Luís da Fonseca e Joffre Van-Dúnem Júnior, além do governador do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano. Ocorreram ainda encontros com membros da Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional e representantes do sector financeiro e sector privado não financeiro.
As novas projecções de crescimento secundam as apresentadas nas Perspectivas Económicas Mundiais divulgadas na primeira quinzena de Outubro em Washington, durante a Assembleia Anual Conjunta do FMI e do Banco Mundial, quando o Fundo elevou as estimativas de expansão de 1,3 para 1,5%.
A recuperação surge depois da economia angolana sofrer uma recessão de 0,7% no Produto Interno Bruto do ano passado, diziam as Perspectivas Económicas Mundiais publicadas em Outubro.
Plano Intercalar
O chefe da missão elogiou, na terça-feira, à saída do encontro com a Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional, a intenção do Governo de continuar o seu processo de consolidação fiscal, com um nível de despesas cada vez mais adequado ao da receita.
Ricardo Velloso referiu que durante a visita, que visa preparar a deslocação oficial, em Janeiro, no âmbito do artigo IV do acordo consultivo daquela instituição, o FMI olhou com muita atenção o Plano Intercalar elaborado pelo Governo, a executar até Março de 2018, que prevê igualmente a adopção de um regime de taxa de câmbio mais flexível, que para aquela organização financeira internacional “é importante para o processo de diversificação da economia”. Ainda relativamente ao plano, o responsável salientou que o FMI tomou também “boa nota” quanto ao desejo das autoridades melhorarem a governação do país.
“A boa governação gera frutos, ela faz o melhor uso dos recursos que existem e no caso são recursos mais escassos e geram mais crescimento económico. É muito importante que o Governo tenha essa intenção, siga cada vez mais na direcção de melhorar as instituições, reforçar as instituições, para que a governação no país melhore”, frisou.
O director de Departamento Angola do Fundo Monetário Internacional também referiu, ao falar à imprensa na terça-feira, os desafios para as autoridades angolanas no domínio económico, à luz dos esforços continuados de ajustamentos aos preços do petróleo e às taxas de crescimento inferiores às almejadas pelo Estado para prover emprego e gerar rendimentos para a população.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...