IMPOSTOS E DESEMPREGO NA AGENDA DE HILLARY CLINTON E DONALD TRUMP

Economia dominou debate

03 Oct. 2016 Emídio Fernando Mundo

PRESIDENCIAIS. Economia acabou por estar no centro do primeiro debate entre Hillary Clinton e Donald Trump. Republicano culpou o México e a China de causarem desemprego nos EUA. Democrata acusou Trump de ser o magnata do imobiliário que mais ganhou com a crise. Mas foram os impostos que criaram mais polémicas.

Era o debate mais esperado e um dos que criou mais expectativas na história das eleições nos EUA. As principais cadeias de televisão mundiais transmitiam em directo e, internamente, foi visto por mais de 80 milhões de pessoas. A maior parte delas preocupada com os níveis do desemprego que o país está a atingir. Daí que Donald Trump, quase a abrir as hostilidades, tenha culpado a China e o México se serem causadores da fuga de empresas dos EUA provocando a perda de empregos. O candidato republicano voltou a defender a ideia de que é preciso “taxar as empresas que funcionem fora, mas que queiram vender nos EUA.

O que levou Hillary Clinton a responder que o candidato republicano vive na “sua própria realidade” e prometeu que vai recuperar, ao mesmo tempo que acusava Trump de se ter “aproveitado” em 2008, sendo “um dos magnatas do imobiliário que beneficiou com a crise económica”.

Aliás, os negócios do multimilionário, agora também candidato presidencial, acabaram por provocar os momentos mais tensos. Hillary Clinton lembrou que Trump declarou por seis vezes bancarrota e deixou centenas de trabalhadores sem receberem aquilo que lhes era devido. “Há muitos grandes empresários que nem sequer se refugiaram uma única vez na bancarrota, você fê-lo seis vezes”, e, com ironia, perguntou se era com essa experiência que pretendia negociar a dívida nacional dos EUA. Em ataque cerrado, a candidata democrata questinou as razões que levam Donald Trump a não divulgar as declarações de impostos. Trump justificou-se e contra-atacou: “Vou divulgar as minhas declarações de impostos, contra a vontade dos meus advogados, quando ela divulgar os seus 33 mil e-mails, que foram apagados”.

“Não tenho motivos para acreditar que ele vá alguma vez divulgar as suas declarações de impostos porque há algo que está a esconder”, respondeu Clinton. Sobre os mails, a ex-secretária de Estado (2009-2013) admitiu que errou ao utilizar o correio electrónico privado, acrescentando que “assume a responsabilidade” desses actos e indicando que hoje agiria de forma “diferente”.

Hillary Clinton utilizou um servidor privado de correio eletrónico quando era secretária de Estado, e que enviou informação classificada e que, segundo o FBI, correu “riscos de cair nas mãos de pessoas hostis EUA. Logo a seguir ao debate, diferentes sondagens apontavam para uma vitória da candidata democrata, mas com números muito próximos, entre os 51 e os 54% para os melhores resultados de Hillary Clinton contra os 46 a 49% de Donald Trump.

Outros negócios, como os do candidato republicano em Cuba, não entraram no debate, mas agitaram as duas candidaturas quatro dias depois. A revista Newsweek contou que empresas de Trump negociaram com Cuba, em 1998, numa altura em decorria o embargo comercial imposto pelos EUA impedia qualquer cidadão norte-americano de fazer negócios em Cuba sem autorização governamental. A empresa gastou pelo menos 68 mil dólares numa viagem à capital cubana.

Revela a revista que um conjunto de representantes da Trump Hotels & Casino Resorts viajou até Havana para um encontro com membros do governo cubano, banqueiros e empresários do país. O próprio Donald Trump esteve envolvido na preparação da viagem. De acordo com um antigo funcionário da empresa, entre vários que foram ouvidos, o objectivo era garantir possíveis investimentos futuros, caso o governo norte-americano levantasse o embargo.

A revista demonstra a história com a revelação de documentos. Os negócios com Cuba certamente vão entrar na agenda do próximo debate, entre os dois candidatos, marcado para 9 deste mês.

A imprensa norte-americana tem comentado que o país está dividido, sobretudo em duas formas de pensar, duas formas de vida e de por divisões sociais, em que as camadas mais pobres, ligadas aos emigrantes ou filhos deles, apoiam Hillary Clinton.