ANGOLA GROWING
Negócio chega a render mais de 200 mil kwanzas diários

Empreendedores investem na venda de gelados

COMÉRCIO. São jovens, alguns formados nas universidades, que fazem do calor de Luanda uma forma de negócio. Vendem gelados. O sucesso até dá para criar pequenas empresas e adquirir frotas.

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As altas temperaturas de Luanda levam jovens empreendedores a investirem no comércio de gelados. A facturação é boa, com lucros que, nalguns casos, chegam a alcançar diariamente mais de meio milhão de kwanzas.

Ana de Carvalho Simões, António Manuel e José Afonso são apenas alguns exemplos de jovens que estão a investir nesta área comercial. António Manuel é, entre os três, o que há mais tempo vende. São mais de oito anos que lhe deram para comprar cinco carros, uma pequena frota que tem gelados, em cones ou em copos.

Depois de ter começado como atendedor de gelados, em Luanda há alguns anos, António Manuel cansou-se de ficar atrás do balcão, abandonou o emprego para montar o seu próprio negócio. A procura exacerbada levou o empreendedor a alargar a sua rota. Baptizou o seu produto com o nome de ‘Rabugento’ e, com um financiamento bancário, adquiriu três novas máquinas de gelados.

Hoje conta com cinco caravanas em alguns pontos de Luanda e tem até um gerente, de 26 anos, conhecido por ‘Paizinho’. É ele que contabiliza o meio milhão de kwanzas que a empresa consegue alcançar diariamente. Um valor que, segundo o gerente, não é mais alto por culpa da actuação “arbitrária” da fiscalização que não os tem deixado trabalhar à vontade mesmo com a “documentação em dia.” “Não sei o que querem connosco, é muito triste isso”, desabafa, acrescentando que “andar a vender gelados é um negócio a ter em conta”.

Sem cair

“A vida é feita a andar de bicicleta, se parar você cai”, brinca outro empreendedor. José Afonso já perdeu a conta ao número de vezes que levou tombos no mundo dos negócios. Hoje parece ter encontrado o que procurava há alguns anos. Aos 36 anos, licenciado em Administração Pública pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, vende gelados na rua. Para conseguir o primeiro emprego, matriculou-se no curso de Língua Inglesa. Mesmo assim, as portas não se abriram. Com o apoio financeiro da mãe, há sensivelmente seis anos, optou por “vender gelados no quintal de casa”.

Actualmente, conta com dois pontos de vendas, um no São Paulo e outro no Kilamba Kiaxi e ainda conta com nove vendedores ambulantes que percorrem as artérias da capital com carrinhos-de-mão a vender picolés. “Por dia, ganho 220 mil kwanzas”, afirma.

A história de Ana de Carvalho Simões seria igual à de tantos outros empreendedores se não fosse o facto de ter decidido começar o negócio há cerca de seis meses, depois de uma viagem ao continente asiático. Engenheira de profissão, com 26 anos, garante que vale a pena investir. “Estamos num país tropical que faz calor o ano todo. Mesmo em tempo de frio, as pessoas consomem muito gelado.”

A empreendedora vende ´rolls´, um termo em inglês para ‘rolinhos’. É um gelado asiático que está em expansão por toda a Europa e América e é feito na hora. Por semana, chega a vender mais de 80 gelados. Os preços variam entre os mil e os 1.500 kwanzas consoante os brindes a gosto.

Localizado no restaurante ‘Sabor Milano’, na Maianga, graças a uma parceria com o dono do estabelecimento, a empreendedora conta com cinco trabalhadores, perspectiva abrir um espaço próprio e já ambiciona chegar a outras províncias.

Máquinas caras

Para a compra de uma máquina de fazer gelados, a cone é necessário que o empreendedor invista, pelo menos, cem mil kwanzas. Este é o valor mais baixo para a aquisição de uma máquina em segunda mão, enquanto uma máquina nova chega a custar 900 mil a 10 milhões de kwanzas em algumas lojas de Luanda, dependendo da potência. Em alguns países americanos e asiáticos, locais eleitos por muitos empreendedores angolanos para a compra de máquinas, os preços oscilam entre os mil e 2.500 dólares.

Para a confecção de gelados, os produtos são adquiridos em diversas superfícies comerciais de Luanda e há preços para todos os bolsos, apesar das variações de alguns produtos, com o principal destaque para o leite.

Mas isso é quase insignificante para muitos empreendedores como é o caso de Carla Simões. “Faço gelados com os produtos de época, os meus gelados não têm corantes nem conservantes”, garante.