INDÚSTRIA. Empresa centenária responde ao repto de João Lourenço aos empresários espanhóis interessados em investir no país. Pretende produzir em Angola e substituir Portugal no engarrafamento de vinho e quer apostar nas azeitonas.

Desde o final do ano passado uma equipa da empresa Fernando Castro, uma adega familiar criada em 1850 em Espanha, está em Angola a avaliar as condições para investir mais de 10 milhões de euros em duas fábricas, de vinho e azeitonas, com capacidade de exportar. A empresa já identificou condições climatéricas propícias na Huíla e no Namibe, onde está interessada em criar a videira, cultivar azeitonas e também produzir adubo orgânico, evitando uma eventual importação deste produto.

O avanço do investimento depende, no entanto, de conversações com as entidades governamentais para ter acesso às terras e outras autorizações.

A empresa conta, para já, com uma promessa de financiamento dada pelo Deutsche Bank de Espanha. “Estamos à procura de ter esta possibilidade, seria muito interessante poder falar com o Governo”, afirma a directora  para abertura de mercados internacionais, Maria Alexandre.

Caso se materialize o investimento, os empreendimentos fabris serão os primeiros fora de Espanha. Maria Alexandre antevê bons resultados com a aposta na formação dos agricultores e com a criação de vários postos de trabalho, desde que o clima de “negócio seja favorável, a gente se sinta em casa, porque é um trabalho muito longo”.

Em Espanha, a empresa, com histórico de família, explora quatro mil hectares de videira, produz 560 milhões de litros de vinhos  que exporta para Portugal, Japão, China, EUA, leste da Europa, Senegal, Nigéria e Camarões. Em Angola, quer fazer diferente e, enquanto não segue para a fase de investimento, está a divulgar algumas das suas marcas, com destaque para a Carmela.

“Estamos a fornecer vinho a granel a Portugal, eles engarrafam e vendem a Angola como se fosse seu produto. Queremos fazer este processo directamente”, Maria Alexandra.

CONVITE DE JLO A EMPRESÁRIOS ESPANHÓIS

Em Setembro do ano passado, durante uma visita a Espanha, o Presidente da República desafiou e convidou os empresários espanhóis a investirem em Angola, assegurando que o país está receptivo. “O mercado angolano está aberto a uma maior presença de empresários e de homens de negócio espanhóis para que possamos edificar uma base de cooperação mutuamente vantajosa para os nossos dois povos e países”, dizia João Lourenço, insistindo que “gostaria de contar com o vosso país para a mobilização de financiamentos e de investidores da Europa interessados em investir em Angola”.

João Lourenço teve a pronta resposta do rei Felipe VI, que garantiu que “Angola é um país prioritário para Espanha’’.