MERCADOS. Operadores económicos acusam ministério de “desconhecimento” da forma como funciona o mercado internacional e garantem que com 305 dólares não conseguem importar alguns tipos de fertilizantes. Preços da campanha passada também são contestados. Departamento liderado por Rui Miguêns de Oliveira não respondeu de forma concreta a questionamentos sobre os números apresentados.

O país não vai poupar 67,3% em divisas com a importação de fertilizantes para a campanha agrícola 2024/2025, como anunciou o Ministério da Indústria e Comércio num comunicado recente, segundo vários empresários que actuam no sector.  

“impossível. Não percebo como chegaram àqueles números errados”, afirma um empresário que já actua no mercado dos fertilizantes há mais de uma década. De acordo com este empresário, que não se quis identificar com “medo de represálias”, o ministério juntou três tipos diferentes de fertilizantes que foram a leilão e depois somou o preço dos três e dividiu-se por três. O sulfato de amónio e a ureia custam no mercado internacional de 290 a 305 dólares a tonelada. Já o NPK custa cerca de 600 dólares a tonelada. 

“O valor final é completamente errado. Se a senhora secretária de Estado para o Comércio e Serviços souber onde comprar todos os fertilizantes a estes preços, eu também vou lá comprar”, ironizou o empresário.     

Declarando-se “surpreso”, depois de ver o comunicado do Governo, o empresário revela que todos os operadores que participaram do leilão tiveram uma reunião na quinta-feira passada, com asecretária de Estado para o Comércio e Serviços, Augusta Fortes, para tentar obter esclarecimentos. O Valor Económico sabe que as empresas que participaram do leilão contestaram o comunicado do Governo e ficou acordado que o ministério chamaria cada uma das empresas de forma individual para reuniões e tentar apaziguar “as águas”. “Não consigo comprar em lado nenhum por este preço. E as outras empresas também não. Isso são commodities e facilmente vemos os preços nos mercados internacionais.

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