Endiama dá estatuto de empresa a cooperativas
INDÚSTRIA EXTRACTIVA. Cooperativas diamantíferas com melhor ‘performance’ na exploração poderão saltar para a categoria de empresas, num projecto da Endiama que pretende acabar com o garimpo de diamantes nas zonas de exploração. A medida prevê substituir exploradores imigrantes por nacionais. Geologia e Minas vai apoiar.
A Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama) vai elevar à categoria de empresa as cooperativas diamantíferas com melhor desempenho no processo de exploração, revelou o presidente do conselho de administração (PCA) da companhia, António Carlos Sumbula.
De acordo com a administração, que balanceava os 36 anos de actividades da empresa, na semana passada, o projecto é parte de uma estratégia da Endiama e do Ministério da Geologoia e Minas que prevê acabar com a exploração diamantifera artesanal e promover a actividade formal no sector, assim como incluir operadores nacionais em detrimento de imigrantes ilegais.
“Estamos a notar que as cooperativas estão, de facto, a combater a pobreza e este método está adoptado. E estamos a trabalhar com o Minsitério da Geologia e Minas no sentido de fazer com que aquelas coooperativas que revelarem uma melhor ‘performance’ sejam transformadas em pequenas empresas”, garantiu Carlos Sumbula.
Nas Lundas Norte e Sul, o anunciado mecanismo de combate ao ‘garimpo’ de diamante parece estar já em curso e a dar resultados, a avaliar pelos sinais apontados pela administração. Segundo o gestor, as cooperativas revelaram-se “um bom meio” para impedir que os imigrantes [ilegais] furassem as fronteiras angolanas.
“Vamos continuar a implementar os métodos das cooperativas, já que se revelou ser um meio que funciona como um facto de dissuasão. As áreas que antes eram ocupadas por estrangeiros, estamos a atribuí-las a angolanos. E isso é bom”, regozija-se o gestor.
Em 2013, uma missão conjunta do Ministério da Geologia e Minas e vários técnicos da Endiama e Sodiam trabalhou no Bié com o objectivo de avaliar a prática da exploração e comercialização ilegal de diamantes.
Actualmente, a estratégia de controlo vem reforçada com a ideia da promoção de cooperativas a pequenas empresas, que também “ajudará na redução da pobreza”, segundo defendeu o ‘número um’ da diamantífera estatal.
PERDAS EM 2016
Do balanço das actividades desenvolvidas no ano passado, Carlos Sumbula destacou o facto de a empresa ter produzido mais diamantes, mas sem reflexos no volume de receitas entradas nos cofres da entidade face a 2015.
A Endiama facturou, no exercício financeiro de 2016, menos 130 milhões de dólares, apesar de a produção anual nacional ter aumentado para nove milhões de quilates. No ano anterior, as contas de balanço registavam uma produção anual de oito milhões de quilates.
Assim, e para o aumento das receitas, Sumbula antevê uma estratégia que privilegia a redução da produção. “Quando dissemos que pretendemos reduzir a produção para melhorar o preço, é justamente por o aumento da produção estar a reduzir as receitas. O aumento da produção aumenta a oferta e, consequentemente, reduz o preço e, por consequência, as receitas”, justificou.
Ao projectar 2017, Carlos Sumbula adiantou que as receitas para o ano corrente estão dependentes de conversas que a sua entidade deve manter com técnicos do sector. Quando questionado sobre quanto poderá entrar para os cofres, Sumbula prefere não se referir aos números. “Indicámos a estratégia que vamos adoptar. O valor que vai ser arrecadado é um cálculo que tem de ser feito”, resumiu o gestor.
LUACHI ESPERA MAIS DOIS ANOS
Das projecções para 2017, integra o Kimberlito do Luachi, na Luanda Sul, um novo potencial nacional de exploração mineira, mas que não deverá arrancar este ano, segundo o PCA da Endiama, para quem a zona ainda “carece de estudo”.
Para já, deve arrancar a “amostragem do grande volume que nos iria permitir o estudo de grande viabilidade técnico-económico”, considera Carlos Sumbula, indicando que este processo de amostragem deve durar até dois anos.
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