Ensa factura 320 milhões ?de dólares em ano de crise
SEGUROS. Empresa pública apresenta números que revelam crescimento de dois dígitos em contexto de crise. Mas o valor das indemnizações atingiu cerca de metade das receitas.
As receitas da Ensa, empresa pública líder do sector dos seguros, cresceram 17,6% para os 320 milhões de dólares (quatro mil milhões de kwanzas), em 2015, alcançando 82% dos objectivos da firma, revelou o seu presidente do conselho de administração (PCA), Manuel Gonçalves.
Os resultados da seguradora indicam, no entanto, que mais de metade da facturação (50,06%) cobriu as despesas com as indemnizações pagas às vítimas de sinistro, relacionados com saúde, automóvel e acidentes de trabalho, que reclamaram, no conjunto, 144 milhões de dólares. Números “expressivos” que, segundo Manuel Gonçalves, revelam que parte significativa das receitas é canalizada para reembolsos de indeminizações. “Em regra, os prémios pagos às seguradoras pelas empresas são incomparavelmente inferiores aos capitais que as seguradoras pagam às empresa e particulares quando são vítimas de sinistros”, considerou o PCA da Ensa, enquanto intervinha no seminário sobre ‘seguros obrigatórios para as empresas: automóvel e acidente de trabalho’, que decorreu em Lunda, na semana passada.
Ainda sobre os resultados, o rácio de solvabilidade da empresa – indicador da proporção relativa dos activos financiados por capitais próprios contra os capitais alheios – atingiu os 130%, situação que coloca a Ensa em posição “confortável”, para assumir responsabilidades decorrentes de sinistros que ocorram “em qualquer dos ramos de seguro existentes”.
Em relação ao seguro de saúde, alvo de várias reclamações de clientes nos últimos meses, Manuel Gonçalves explicou que os “poucos casos” surgidos foram “prontamente resolvidos”, restando apenas um processo, cuja negociação “está em curso”.
MAIS 5 MIL SINISTROS EM 3 ANOS
A Ensa registou 5791 sinistros relacionados com doenças profissionais e acidentes de trabalho nos últimos três anos, em todo o país. Do total, Luanda concentrou 87% dos casos (5.054), seguindo-se Benguela com 9% (489), ao passo que as restantes 16 províncias representaram apenas 4% (248), quando dados das Nações Unidas indicam uma média de cinco milhões de acidentes de trabalho, por dia, em todo o mundo.
Raul Nelson, responsável da Ensa pela área dos seguros de doenças profissionais e acidentes de trabalho, analisa que há um grande “incumprimento” por parte das empresas, em relação à obrigatoriedade do seguro de acidentes de trabalho. Por isso, aconselha os trabalhadores a denunciarem, sempre que necessário, à Inspeção Geral do Trabalho.
O administrador executivo da Ensa Mota Lemos considera, por sua vez, que as tarifas do seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel “são díspares e violam o dever de uniformização previsto na lei que regula a matéria”. No caso da Ensa, para uma viatura modelo i10, o valor máximo da apólice é 33 mil kwanzas, “números que podem reduzir em função de vários critérios”. Em caso de danos a automóveis de terceiros, a seguradora cobre despesas num máximo de até 13 milhões de kwanzas.
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