Epidemia de cólera na RDC preocupa OMS
A República Democrática do Congo (RDC) tem 20 das suas 26 províncias afectadas por uma vasta epidemia de cólera que já se prolonga há pelo menos quatro anos, o que levou, agora, as autoridades sanitárias do país e a Organização Mundial de Saúde (OMS) a declarar "guerra" à doença.
Com mais de 1.500 novas infecções registadas todas as semanas, o Ministério da Saúde e a representação da OMS na RDC deixaram de poder ignorar a dimensão da presente epidemia de cólera, que já se espalhou a quase todo o país, o que pode levar ao seu alastramento para os países vizinhos, como, por exemplo, Angola.
Situado no coração do continente africano e com fronteiras abrangendo nove países, o descontrolo da epidemia de cólera, e outras, no Congo-Democrático representa um risco acrescido de dispersão para a vasta África subsaariana.
Face a este cenário, o responsável pelo gabinete de resposta urgente da OMS na RDC, Ernest Dabire, explicou em conferência de imprensa na capital congolesa, Kinshasa, que, em conjunto com o ministério, foram criadas sete comissões para "reforçar a resposta em todo o país" ao alastramento da epidemia de cólera, estando ainda em preparação a organização de equipas em todas as províncias.
A ideia é aplicar o plano de combate que passa, entre outras respostas, pela melhoria da qualidade da água consumida pelas populações, pela criação de condições hospitalares para tratamento de doentes, a criação de campanhas de sensibilização para os cuidados a ter com a higiene nas comunidades, nas famílias e individualmente... "Esta epidemia já atingiu proporções inquietantes e está em crescendo nas últimas semanas, onde se destacam os mais de 1500 cassos semanais desde Julho, abrangendo 20 das 26 regiões do país", adverte a OMS.
Uma das provinciais que geram mais preocupação é a do chamado Grande Kasai, que abrange o Kasai e o Kasai Central, cuja fronteira a sul é partilhada com Angola, muito por causa da violência que ali grassa há mais de um ano pela mão das milícias Kamwina Nsapu, as mesmas que estão na origem dos milhares de refugiados na Lunda Norte.
Com a insegurança chegou a degradação das condições sanitárias que, por sua vez, devido ao deslocamento das suas casas de mais de 1,3 milhões de pessoas devido à instabilidade, permitiu não só o agravamento das consequências da doença sobre os indivíduos como também a sua dispersão.
Os mais recentes números oficiais, embora as ONG admitam que estes estão sempre aquém da realidade num país como a RDC, onde falham as vias de comunicação e existem vastas regiões isoladas, apontam para cerca de 550 mortos e cerca de 25 mil infecções ou suspeitas sólidas de infecções.
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