Petrolífera reclama dívida no relatório e contas

Estado ainda deve à Trafigura 122,9 milhões de dólares

PETRÓLEOS. Em 2018, cerca de 91,9 milhões foram reclassificados para empréstimos ?a prazo, uma decisão baseada num plano de pagamento estabelecido com o Governo, ficando definido que o reembolso total deve acontecer até final de 2020.

 

Estado ainda deve à Trafigura 122,9 milhões de dólares

A Trafigura espera ainda receber do Ministério das Finanças 122,9 milhões de dólares, no âmbito do acordo de dívida referente à compensação pelos investimentos em minério de ferro na sequência da liquidação de uma subsidiária consolidada em 2016.

A informação consta do relatório e contas de 2018, assinalando que, durante o ano, cerca de 91,9 milhões foram reclassificados para empréstimos a prazo, decisão baseada num plano de pagamento estabelecido com o Governo, ficando definido que o reembolso total deve acontecer até final de 2020. “Devido a restrições de liquidez em curso em Angola para as moedas estrangeiras, o empréstimo está em atraso. O grupo continua a esperar que todos os montantes sejam recolhidos dentro do prazo definido no acordo plano de pagamento”, lê-se no documento. No relatório, o grupo justifica que obteve uma “confissão de endividamento” assinada pelo Ministério das Finanças. E precisa que as Finanças não só assumiram o valor da dívida consolidada de 409 milhões, como se comprometeram a liquidá-la em 48 meses, a contar de Janeiro de 2017.

As áreas concessionadas foram propriedade da Ferrangol até 2011 e a formação da parceria público-privada com a Trafigura resultou na AEMR, que era a maior accionista.

Uma fonte da Ferrangol mostra-se, no entanto, surpreendida com a possibilidade de o Estado pagar a dívida. “As minas nunca entraram em exploração, estavam na fase de prospecção e a empresa em causa optou por devolver a concessão à Ferrangol, face ao investimento avultado, uma vez que não tinha mais capacidade de continuar a fazer”, explica. Além disso, acrescenta, o investimento em mineração “é muito intenso e obedece a algumas fases como prospecção até de exploração”. Um estudo elaborado pela consultora Mckinsey conclui que “o contributo das operações da Trafigura, em Angola, foi afectado pelo congelamento dos preços dos produtos petrolíferos refinados imposto em Março de 2018 pelo Governo angolano no contexto do seu programa de estabilização macroeconómica”, escreveu a Moody’s.

Em Março do ano passado, a Trafigura perdeu o contrato de importação de gasóleo, juntamente com a holandesa Vitol, que fornecia gasolina. Ambas foram substituídas pelas subsidiárias da francesa Total e a inglesa Glencore Energy. Até então, a Trafigura, que controla 48,4% da Puma Energy, era o único importador de gasóleo, enquanto a Vitol comprava gasolina.