Por 173 milhões de euros

Isabel dos Santos garante que Efacec estava quase vendida

CONFLITO. Decisão de nacionalizar a Efacec aconteceu quando o processo de venda corria sem constrangimento, de acordo com a empresária que, por isso, considera a decisão “forçada e movida por vontade política”.

Isabel dos Santos garante que Efacec estava quase vendida
D.R

Uma “nacionalização forçada” e que resulta “só de vontade política”. Foi como Isabel dos Santos caracterizou a decisão do governo português de nacionalizar a participação da Winterfell 2 Limited, detida pela empresária e pela Ende (16%), na Efacec.

A empresária justifica-se, garantindo que a venda das participações agora nacionalizadas estava bem encaminhada, contrariando a tese segundo a qual o processo poderia demorar muito tempo, o que agravaria ainda mais a situação da empresa.

“Já estava a venda concluída. Tenho propostas desde Março”, garantiu a empresária, revelando que, entre as propostas, recebeu uma de 173 milhões de euros. “A nacionalização foi só por vontade política. Aliás, vão vender aos mesmos a quem eu estava a vender”, acrescentou. 

A decisão da nacionalização dos 71% da empresa foi anunciada na semana passa pelo governo português que se justificou com a necessidade de “evitar a deterioração irreversível da situação financeira e comercial da Efacec”, referindo-se à situação provocada pelo arresto das contas de Isabel dos Santos.

“A apropriação pública da participação social detida pela Winterfell 2 Limited na Efacec, mediante a respectiva nacionalização, reveste-se de excepcional interesse público, tendo em conta a sua valia industrial, o seu conhecimento técnico e a sua excelência em áreas estratégicas para a economia nacional, incluindo o perfil fortemente tecnológico, inovador e exportador da empresa, o seu contributo para as exportações nacionais, o seu peso no emprego, em particular no que respeita à mão-de-obra qualificada, e o seu contributo para o quadro da descarbonização da economia, sendo adequada, necessária e proporcional à salvaguarda desses valores”, lê-se no diário da República portuguesa que determina a decisão de nacionalização da empresa.

Indemnização prevista…

O processo prevê a indemnização “aos titulares da participação social nacionalizada ou aos eventuais titulares de ónus ou encargos constituídos sobre a mesma”, segundo o decreto que dá conta ainda que “o despacho que fixar o valor da indemnização pode determinar a resolução em benefício da massa patrimonial, com as necessárias adaptações, dos actos considerados prejudiciais”.

…Isabel dos Santos salvou a empresa

A entrada de capitais angolanos na Efacec foi determinante para a recuperação da empresa que se encontrava em situação de falência técnica. A Winterfell entrou na estrutura accionista da Efacec em 2015, ano em que teve prejuízos de cerca de 20 milhões de euros e era o terceiro ano consecutivo de resultados negativos. Esta tendência foi interrompida em 2016 com lucros de 4,3 milhões de dólares. Em 2017, a empresa voltou a registar resultado positivo com saldo de 7,5 milhões de euros, tendo em 2018 passado para 14,1 milhões de euros.

A empresa passou a investir mais na mobilidade eléctrica, tendo, em 2018, inaugurado novas instalações, com a intenção de atingir uma produção em larga escala de unidades de carregamento rápido. Como resultado, triplicou a produção de carregadores rápidos e ultra-rápido e lançou novos projectos como soluções de carregamentos com armazenamento incluído, soluções integradas para carregamento residencial e frotas. Neste mesmo ano, registou-se um crescimento de 100% neste segmento de negócio para 36 milhões de euros, face aos 17 milhões de euros do período homólogo.