“Estamos no limite. Ou abrimos os olhos ou daqui a cinco anos estamos na rua”
Assumido militante do MPLA, manifesta-se contra as escolhas de João Lourenço para a formação do novo Governo por “não olhar para a sociedade civil”. Apesar de feroz opositor da Unita, reconhece que o partido fundado por Jonas Savimbi “está muito mais avançado em termos de pensamento político” do que o MPLA. Crítica o primeiro mandato do actual Presidente da República e antevê mais dificuldades para este mandato que agora começa. Por isso, espera mudanças profundas e até sente que o poder do MPLA está ameaçado.
Logo a seguir à nomeação do novo executivo pelo Presidente João Lourenço, fez um desabafo no Facebook anunciando a sua suspensão de militante do partido. Porquê?
Acompanhei as campanhas eleitorais bastante interessado e criei algumas expectativas. Estas expectativas não foram realizadas como idealizava. Só me desilude quem eu gosto. O meu partido não teve as escolhas para ministros, secretários e outros elementos que possam ser importantes ou seriam garantidamente importantes. Há novas ideias, gente nova. Todos os anos, temos milhares de pessoas a chegar aos 18 anos com outras condições de informação e que começam a tornar-se críticos mais especializados. E nós, os do MPLA, não podemos descurar porque poderão vir a ser muito brevemente um empecilho para nós. Com esta subida enorme do partido da oposição, daqui a cinco anos, em vez de termos 51% vão ter eles 70 ou 80 porque a juventude está sedenta de mudança, mas não são só os jovens a mudar. Isso entristece-me porque o nosso MPLA não está a utilizar as dinâmicas activas, mantém-se muito preso ao que eu chamaria de tradição política do MPLA. A política é dinâmica e todos os países do mundo têm mudado. Temos grandes exemplos de países africanos que têm utilizado a estratégia da mudança, pensando mais nos jovens porque são o futuro.
Mas não reconhece algum esforço do Presidente João Lourenço de introduzir alguma juventude na governação, ainda no seu primeiro mandato?
Não senti. Houve duas ou três tentativas, mas não vi resultados disso. Por exemplo, a ministra da Cultura entrou num dia e saiu no outro. Nem consegui perceber porque é que entrou e nem porque é que saiu. Fazer isso por fazer não faz sentido. A mudança tem de ser efectuada com um estudo prévio. É importante para a escolha do ministro, do secretário de Estado ser uma pessoa com alguma referência, não conflituosa e nem com alguma suspeição. Tudo isso leva a mais credibilidade. Escolher alguém da sociedade civil, por exemplo, são estratégias políticas que surtem muito efeito. Isso tem sido experienciado, não podemos inventar a pólvora, é só reajustar.
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