EUA ameaça pôr fim às missões de paz da ONU
SEGURANÇA. Como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, os EUA têm grande poder de influência sobre as decisões e podem, desta forma, votar pela reconfiguração ou até fim das missões.
Os Estados Unidos da América (EUA) ameaçaram, na qualidade de membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, reconfigurar ou pôr fim a missões de paz da ONU, as quais qualifica como “improdutivas, infrutíferas e inexplicáveis”.
A medida insere-se no quadro da nova estratégia dos EUA para África, recentemente apresentada pelo conselheiro da segurança, John Bolton, e amplamente divulgada pela imprensa internacional.
As oito missões da ONU em África são constituídas por mais de 87 mil pessoas destacadas de todo o mundo e tiveram orçamentos anuais que ascenderam a cinco mil milhões de dólares em 2018. Sete dessas missões totalizaram 4,948 mil milhões de dólares.
Como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, os EUA têm grande poder de influência sobre as decisões e podem, desta forma, votar pela reconfiguração ou até pelo fim das missões.
Em declarações à imprensa, na passada quinta-feira, John Bolton avisou que os EUA vão deixar de contribuir financeiramente para missões da ONU que não garantam a resolução de conflitos e uma condição de paz duradoura, porque o objectivo de Washington é “resolver conflitos, não congelá-los”.
Das 14 missões de paz que a ONU tem actualmente, em todo o mundo, oito estão localizadas em África, em Abyei e Darfur (Sudão), Mali, República Centro-Africana, República Democrática do Congo (RDC), Saara Ocidental, Somália e Sudão do Sul.
O maior dos exércitos de todas as missões de paz da ONU encontra-se no Sudão do Sul e, segundo dados da ONU, contam com mais de 14 mil militares de contingentes provenientes de 70 países.
A operação para o Sudão do Sul, denominada MINUSS e estabelecida em Julho de 2011, simultaneamente com a declaração de independência do país, teve um orçamento de 1,071 mil milhões de dólares.
A missão de paz com maior orçamento em 2018 foi a Monusco, na República Democrática do Congo, com 1,142 mil milhões de dólares, indicam os dados da ONU. Já a missão para a RDC, instalada em Julho de 2010, envolve, no total, cerca de 19 mil pessoas e conta com um exército de 13.747 militares.
CHINA E RÚSSIA CONTESTADAS
Ainda durante a apesentação da nova estratégia para África, os EUA dirigiram duras críticas à actuação da China e da Rússia no continente africano, acusando as duas potências mundiais de usar práticas “opacas” e “corruptas” para expandir a influência na região.
John Bolton afirmou que os dois países estão a tentar “deliberadamente e agressivamente” ganhar vantagem económica sobre os EUA.
“Na nossa nova abordagem, todas as decisões que tomarmos, todas as políticas que adoptarmos e cada dólar de ajuda que gastarmos irão promover as prioridades dos EUA na região”, disse John Bolton na Fundação Heritage, em Washington.
O assessor da Casa Branca acusou, por outro lado, a China de usar “subornos, acordos opacos e o uso estratégico da dívida para manter os estados africanos presos aos desejos de Pequim”.
Também a Rússia, afirmou, está a aumentar a sua influência em África com “as relações políticas e económicas com pouca consideração pelo estado de direito ou por uma governação transparente e responsável”.
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