Fábrica de cerveja de Isabel dos Santos pode colapsar a curto prazo
BEBIDAS. Fabricante é uma das unidades abrangidas pelo arresto decretado pelo Tribunal de Luanda. Para este ano, estava programado o investimento de 1,5 mil milhões de kwanzas.
A Sodiba (fabricante das cervejas Luandina e Sagres) é das empresas de Isabel dos Santos que podem falir num futuro breve, devido à impossibilidade de os accionistas cumprirem o programa de investimento na sequência da decisão do Tribunal de Luanda de arrestar as participações da empresária e do seu esposo, Sindika Dokolo, também accionista da empresa.
O CEO da empresa, Luís Correia, de resto, admite a possibilidade de o colapso ser uma realidade a curto prazo, visto que existe a necessidade de investimento contínuo e permanente. Estima que, só este ano, há a necessidade de se “investir em vasilhames 1,5 mil milhões de kwanzas. Isto é o mínimo para permitir às marcas crescerem em linha com as necessidades da empresa”, explica. “Temos feito um percurso de crescimento e estamos a ter bons resultados com o crescimento da quota de mercado, a nível nacional, e a conquista de contratos a nível internacional. Mas, sem a capacidade de os accionistas apoiarem, o risco de colapso será uma realidade a curto prazo”, precisou.
Segundo estimativas do gestor, apenas a partir de 2021 é que a empresa dispensará a injecção de capital dos accionistas, visto que “terá uma geração de cash-flow que lhe permitirá responder a todas as suas necessidades de investimentos financeiros. Na conjuntura actual, o que está previsto em orçamento e plano de negócios é o apoio dos accionistas até ao final do próximo ano”.
A Sodiba foi inaugurada em Dezembro de 2016 com a produção local da marca portuguesa Sagres em regime de ‘Trade Mark license Agreement’ e em Novembro de 2017 lançou no mercado a Luandina. O investimento inicial foi de 150 milhões de dólares, mas seguiram-se outros, entre os quais, para apoiar o défice de exploração e no marketing.
“A Sodiba é uma empresa com necessidade de investimento e onde a engenheira Isabel dos Santos injectou, ao longo dos últimos anos, biliões de kwanzas para apoio aos défices de exploração, reforço de fundo de maneio e garantia de investimento. Foram investidos valores significativos em marketing e, no último ano (2019), mais de dois mil milhões de kwanzas em grades e garrafas para reforçar a presença no formato retornável”, contabiliza.
Embalvidro pode ter o mesmo destino
Além da cervejeira outro projecto da empresária pode estar em risco. A fábrica de embalagens de vidros Embalvridro onde Isabel dos Santos tem uma participação de 51% e cuja inauguração estava inicialmente prevista para o ano passado.
A unidade de produção tem ainda como accionista a Industrial Africa Development (IAD), e cujo investimento é de 120 milhões de dólares..
A 30 de Dezembro de 2019 o Tribunal de Luanda tornou pública a decisão de ordenar o arresto das participações de Isabel dos Santos e do marido Sindika Dokolo, nas empresas onde têm posição accionista.
A Sodiba foi uma das empresas afectadas e está entre as mais expostas por ter como accionistas únicos Isabel dos Santos e Sindika Dokolo.
Na sequência da decisão, Isabel dos Santos argumentou que “as empresas foram condenadas à morte”. A falência da Sodiba colocaria ao desemprego cerca de 500 pessoas.
JLo do lado errado da história