Fábrica que gastou mais de 800 milhões parada há sete anos
INDÚSTRIA. Paralisada nos anos 1980, a reactivação da unidade fabril, de concentrado de tomate, custou aos cofres do Estado mais de 801 milhões de kwanzas.
A fábrica de concentrado de tomate, na Matala, Huíla, cuja inauguração estava prevista há sete anos, precisa de uma linha de montagem de embalagens e outros equipamentos para arrancar e diminuir os excedentes de produção. A revelação, ao VALOR, é do presidente do conselho de administração da Sociedade de Desenvolvimento da Matala (Sodmat), Cipriano Ndulumba, que lamenta o desperdício do execedente por falta de uma unidade de transformação.
A reactivação da unidade fabril, que parou nos anos 1980, foi financiada pelo Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), em 2008, com mais de 801 milhões de kwanzas. No entanto, nunca chegou a reiniciar as actividades, apesar dos vários anúncios de inauguração.
Em 2009 foi anunciada pelo antigo presidente do conselho de administração da entidade gestora, Luis Salvaterra, o arranque da fábrica que não chegou a acontecer, por alegada falta de equipamentos.
Cipriano Ndulumba, responsável do perímetro há quatro anos, declarou ao VALOR que a sua direcção já encontrou o “problema” da fábrica, sublinhando que a conclusão da reactivação não aconteceu como se previa, em 2009, por causa de uma “descarga atmosférica provocada pela chuva que queimou uma peça essencial”.
A peça não chegou a ser montada, segundo o responsável, por o empreiteiro contratado, de origem portuguesa, “ter abandonado o país” para cuidar de outro projecto em Moçambique.
“Volvido algum tempo, o empreiteiro regressou e apresentou a proposta dos equipamentos que estavam em falta na fase em que queimou uma das componentes eléctricas. Adquiriram-se as peças, mas o empreiteiro já não tinha recursos para dar seguimento ao resto do processo”, afirmou o responsável.
A Sodmat, entidade gestora do empreendimento, resolveu então ‘arregaçar as mangas’ e fazer um diagnóstico para se avaliar o que a fábrica precisava. No entanto, terá sido nessa altura que se perdeu de vista o empreiteiro que passou a ser contactado, desde então, somente via email.
Cipriano Ndulumba acredita que, actualmente, o “problema” da fábrica não tem que ver com a falta de contacto com o empreiteiro, mas com a falta de divisas para dar seguimento a segunda fase do projecto e para a importação dos equipamentos para a reactivação da empresa.
O responsável conta que, no ano passado, a Sodmat convidou quatro empresas de origem portuguesa, espanhola, sul-africana e outra nacional para avaliarem com “propostas concretas” o que a fábrica precisava para funcionar. Contudo, mais uma vez a falta de divisas condicionou o processo. Cipriano Ndulumba não precisou o montante necessário para a importação de equipamentos, mas adianta que “são peças pequenas e técnicas”, com um valor inferior ao que o BDA já financiou.
“O banco é um grande parceiro e já disponibilizou outros financiamentos aos agricultores. O banco não vai abandonar a obra porque tem todo o interesse em que a fábrica funcione”, sublinhou.
O empreendimento tem uma capacidade de processar anualmente cerca de 12,5 mil toneladas de tomate fresco e pretendia gerar, já na altura do financiamento, cerca de 40 novos postos de trabalho. Para além da fábrica de tomate, na Huila, os dados oficiais indicam que o Governo tem em carteira três outros projectos ligados a transformação de tomate, no Bengo, Benguela e Namibe com previsão de arranque, de forma faseada, até ao próximo ano.
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