DIRECTOR DA EMPRESA DEFENDE SUBIDA DO PREÇO DO BILHETE DE PASSAGEM

Facturação da Tura em queda acentuada

CUSTOS. A empresa privada de transportes públicos, Tura, está a atravessar um `mau ambiente´ de negócios. Os autocarros degradam-se cada vez mais rápido, aumentando os custos de manutenção.

O director da Tura (Transporte Urbano Rodoviário de Angola), José Augusto, afirmou que o rendimento da empresa se encontra em declínio, desde os últimos dois anos, tendo preferido, no entanto, não avançar os números que representam as perdas. “A Tura só não fecha as portas, porque fazemos grandes engenharias financeiras. A situação não está fácil.”

Segundo José Augusto, o índice de deterioração dos autocarros é cada vez mais alto, devido à má utilização por parte dos passageiros, bem como o mau estado das estradas, primárias e secundárias, o que está a provocar custos elevados. “Há países em que, quando o autocarro está cheio, mais ninguém entra. O condutor faz um sinal e as pessoas percebem logo. Aqui agridem o condutor”, comparou, acrescentando que um autocarro normal tem capacidade para entre 80 e 85 pessoas, “mas os nossos chegam a transportar 130 pessoas”.

A Tura tem cerca de 45 autocarros, mas muitos destes meios encontram-se paralisados por falta de manutenção. A crise cambial dificulta ainda mais as operações da empresa. Até 2014, a manutenção mensal de um autocarro custava até três mil dólares, actualmente os valores podem atingir até sete mil dólares, sendo que a aquisição dos autocarros custa entre 110 mil e 240 mil dólares.

As `dores´ não cessam por aí. Os autocarros da Tura, que não têm concessionária em Angola, são fabricados na China, país de onde também saem as peças sobresselentes. O processo de importação deste material leva entre quatro e seis meses, tempo em que as máquinas também ficam inoperantes à espera de manutenção, com consequentes perdas avaliadas em 500 dólares por dia. “Temos de andar aí a vasculhar o mercado. Temos autocarros parados há cinco meses, por falta de para-brisas, que é dos componentes que a população mais danifica”, denuncia José Augusto.

O director da Tura entende que o actual preço do bilhete, de 30 kwanzas, deveria ser revisto, apontando que o custo real do transporte está à volta de 200 kwanzas. “O Estado pagaria cem kwanzas e o passageiro pagava a outra metade”, defende, indicando que, apesar da crise, nenhum trabalhador foi despedido. Criada em 2001, a Tura tem 485 funcionários e opera nas linhas interprovinciais Luanda-Malange e Luanda-Uíge.