Falhas humanas provocam 75% dos acidentes aéreos
AVIAÇÃO. Erros humanos estão entre os que mais provocaram acidentes aéreos, segundo dados do Ministério dos Transportes. Acidente da Air Guicango está a ser investigado, mas a companhia não foi suspensa.
Pelo menos, 75% dos acidentes aéreos, que envolveram companhias nacionais, foram provocados por erros humanos, revelou o director do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos (GPIAA), do Ministério dos Transportes, Luís Solo, baseando-se nos resultados apurados pelo gabinete em 10 anos de existência.
O GPIAA abriu 238 processos de investigação de acidentes aeronáuticos, tendo concluído que 75% foi provocado por tripulantes, controladores de tráfego aéreo, despachantes de operações de voos e técnicos de manutenção de aviões.
O gabinete investiga apenas para prevenir possíveis erros. As conclusões são transmitidas para o Serviço de Investigação Criminal e para o Ministério Público, que investigam para apurar responsabilidades ou situações de natureza criminosa.
O VALOR já tinha noticiado que a ‘caixa preta’ do avião da Air Guicango será aberta em França. Os custos da operação de investigação do acidente de 12 de Outubro do ano passado, que vitimou mortalmente sete pessoas, na Lunda-Norte, estão a ser suportados pela Air Guicango, na qualidade de proprietária da aeronave acidentada.
Luís Solo não precisou em quanto está avaliada a investigação, alertando, no entanto, que as famílias das vítimas podem solicitar indemnizações pelas perdas. “É difícil quantificar os custos da investigação. Há despesas imprevistas que vão surgindo. Certo é que, de acordo com a Lei da Aviação Civil, os operadores envolvidos em acidentes são os responsáveis primários pela cobertura das despesas decorrentes do processo de investigação”, explica o director do GPIAA.
AIR GUICANGO PODE VOAR
A queda do avião da Air Guicango, em Outubro de 2017, não originou a suspensão das operações de voos da operadora doméstica privada. A empresa pode continuar a voar desde que tenha as condições criadas, esclareceu o director do Instituto Nacional de Aviação Civil (INAVIC), Rui Carreira, contrariando as informações da antiga direcção do INAVIC que comunicara a suspensão dos voos da companhia.
“O certificado do operador está válido e nunca foi suspenso. Não é procedimento suspender as actividades do operador, quando há um acidente. A menos que da investigação haja uma recomendação para suspender o operador. Aquilo foi um acidente”, explica Rui Carreira.
No entanto, desde a queda da aeronave, há cinco meses, a Air Guicango cancelou as operações de voos, deixando perto de 100 funcionários sem trabalho e sem salários. A sede da companhia está fechada, encontrando-se nela apenas os seguranças. “Pode não ter aviões e, por isso, não estão a voar. Um dos aviões da empresa teve acidente e como consequência tiveram perda”, reforça o director do INAVIC.
O Embraer EMB120 da Air Guicango caiu minutos depois de descolar do aeroporto da Lunda-Norte em direcção a Luanda. O acidente provocou a morte dos setes ocupantes, sendo três tripulantes angolanos e quatro passageiros estrangeiros (três sul-africanos e um português). As verdadeiras causas do acidente poderão ser conhecidas em breve, quando for feita a descodificação da ‘caixa preta’.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...