ANGOLA GROWING
Dificuldades do empresariado na Huíla

Faliram 70 das 220 empresas criadas em três anos

O empreendedorismo, uma das apostas do Governo desde 2014 para o fomento ao emprego, está a derrapar na Huíla. Desde 2015, 70 das 220 micro, pequenas e médias empresas criadas emitiram declarações de falência.

Empresas Huila

Os números são avançados pelo coordenador-adjunto do Fórum Angolano de Jovens Empreendedores (FAJE), Piedade Pena, em entrevista ao VALOR, em que calcula que foram atiradas para o desemprego mais de 60 pessoas.

Outras 84 empresas lideradas por jovens também devem falir este ano, calcula Piedade Pena. Do global monitorado pelo FAJE, apenas 66 gozam de alguma estabilidade. As dificuldades derivam da crise económica e dos problemas de escoamento da produção, já que a maior parte dos empreendedores apostou na prestação de serviço, área dependente das importações.

O coordenador-adjunto do FAJE aponta ainda, como outras causas, os atrasos nos pagamentos por parte do Estado e as dificuldades de acesso ao financiamento, assim como as barreiras na importação de mercadorias ou equipamentos.

“Quando a crise eclodiu, muitas empresas se ressentiram, sobretudo pela falta de liquidez e ficaram sem condições para dar continuidade aos seus negócios, porque há dificuldades no pagamento de algumas ordens de saque e sérios impasses no acesso a divisas com a taxa de câmbio favorável”.

Por isso, Piedade Pena defende que as autoridades “devem fiscalizar os programas de financiamento destinados aos empreendedores” e “rever a política de venda de divisas”. Estimando em 145 os jovens que mantêm os empregos “nas empresas que ainda resistem e que cumprem com as obrigações fiscais”, Piedade Pena lamenta, por outro lado, a “lentidão” do ‘Projovem’, ao contabilizar apenas 10 projectos financiados na Huíla e outros quatro “bem encaminhados”, num total de nove que aguardam por aprovação.

A situação repete-se no Cunene, onde 125 empreendedores formados pelo INAPEM, até ao momento, viram um único projecto financiado pelo Projovem. Para o FAJE, o “peso” está nas garantias, exigidas pelas entidades financiadoras para a cedência de crédito. O INAPEM informou recentemente que foram financiados 160,1 milhões de kwanzas, através do Projovem.