Falta de clientes obriga Textang II a produzir abaixo da capacidade
Tèxteis. Desde que foi inaugurada, fábrica produz 30% da capacidade instalada por falta de clientes no mercado. Gerente de produção e logística, Horácio Gotusso, defende que é necessária “concorrência leal para o negócio se tornar sustentável” e propõe a desburocratização de procedimentos e isenções.
Há nove meses em funcionamento, a Textang II está a produzir apenas 30% da capacidade instalada, de 700 mil metros de tecidos por mês, trabalhando num único turno com aproximadamente 200 funcionários.
Horácio Gotusso, gerente de produção e logística, explica que, em causa, está o facto de o mercado estar “deprimido” por causa pandemia e pelo “desconhecimento da existência da indústria têxtil”.
Com 25 produtos feitos com a sua marca, a empresa tem como principais clientes as instituições públicas, com realce para a Ende, e Epal e a Polícia. E pretende estabelecer “uma forte parceria” com compradores privados, através do desenvolvimento de variados produtos. “Estamos a pesquisar clientes privados. Temos visitas de estilistas que estão interessados em desenvolver alguns produtos connosco, é um plano em paralelo com o canal da produção de fardamentos”, refere.
A fazer contactos para estender as vendas ao Zaire e Benguela, após alcançar o mercado do Cuanza-Sul e Huambo, Horácio Gotusso constata a existência de “concorrência desleal” de tecidos provenientes da China, vendidos a preços muito baixos”. Entende, por isso, que concorrer com os chineses vai ser “bastante complicado”, ainda que pratiquem “preços competitivos”, face aos custos de produção e à aceitação do que é produzido localmente.
“Para [a fábrica] ser sustentável, precisamos de uma concorrência leal, o Estado deve acompanhar. Aqui temos uma certa desconfiança de algo que é local, julga-se que não tem qualidade. Se fizermos uma avaliação dos tecidos e comparar, vão ficar surpreendidos; o nosso produto tem qualidade”, assegura, avançando que a empresa prepara a primeira exportação para um país africano.
Horácio Gotusso insiste que a Textang II “merece um tratamento especial”, enquanto indústria transformadora, como a isenção do IVA na importação de matéria-prima e “menos burocracias” nas autorizações. “Deste modo, proteger-se-ia a indústria local que competiria com os preços baixos dos produtos vindos do exterior”, aconselha.
Pelo reduzido número de clientes, a direcção de investimentos e participações da empresa tem optado por não importar grandes quantidades de algodão. Na penúltima semana de Fevereiro, recebeu mais 200 toneladas de algodão da Nigéria, quantidade suficiente para cobrir três meses de produção.
A empresa deseja, entretanto, alterar o quadro com a produção local de algodão em Malanje, e espera que pequenos produtores também possam fornecer a matéria-prima, estando em curso a formação dos agricultores, com os resultados a serem perspectivados para dentro de quatro anos.
“A ideia é ensinar como funciona a semente de algodão porque é um grande constrangimento em comparação, por exemplo, à realidade da Argentina. Aqui não se podem utilizar as sementes geneticamente modificadas, que são mais resistentes e melhoram o rendimento, temos de testar para encontrar sementes que funcionam melhor. É um processo longo, acho que vai chegar a três anos se tudo correr bem”, perspectiva.
Apesar de depender “grandemente da importação” e estar a produzir muito abaixo da capacidade, a Textang II quer tornar-se na maior fábrica têxtil da África subsariana nos próximos cinco anos, segundo Horácio Gotusso.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...