ENDE PREVIA UMA REDUÇÃO DE PERDAS ATÉ 2019

Falta de contadores pré-pagos atrapalha metas

ELECTRICIDADE. Plano previa, em cinco anos, completar a massificação de contadores pré-pagos. Expectativa foi contrariada pela crise financeira.

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A escassez de recursos financeiros está a afrouxar a capacidade de investimento da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) na massificação dos contadores pré-pagos, condição fundamental para que alcance a meta preconizada de reduzir o valor das perdas comerciais até 20%, conforme prevê o plano estratégico da empresa do trieno 2016 a 2019.

O director dos projectos comerciais, Salvador Tunganito Alberto, garante que, apesar das limitações financeiras, há “investimentos significativos” com recurso a financiamento chinês que vai permitir a aquisição de 400 mil contadores.

Do total que foi adquirido à China, 300 mil contadores destinam-se a Luanda, onde já arrancou a montagem, sendo que todas as novas ligações domiciliares já beneficiam deste tipo de equipamento. Na “medida do possível”, esclarece aquele responsável, vai havendo a reposição de contadores avariados.

A empresa tem, em todo o país, quase um milhão e 300 clientes. Para o sistema pré-pago, estão instalados 333.587 contadores, 287.478 dos quais activos, o que corresponde aproximadamente a um quarto do total de clientes, segundo dados da empresa.

O plano da ENDE estabelecia um prazo de cinco anos para a completa massificação de contadores pré-pagos. A expectativa já foi contrariada pela crise e a administração não quer avançar nova previsão, sem ter garantias financeiras.

O documento da ENDE, a que o VALOR teve acesso, indica que os contadores pré-pagos, até 2019, representariam 70% dos dois milhões clientes, prevendo um ajuste progressivo à tarifa.

O gestor da ENDE está convencido de que a situação ficaria “completamente resolvida” com a instalação de uma fábrica em Angola não só para atender às necessidades da empresa, como também dos países da região.

Promessas antigas

Em Julho de 2015, o ministro de Energia e Águas, João Baptista Borges, tinha prometido um investimento do Governo de 432 milhões de dólares na instalação de contadores eléctricos pré-pagos. Um milhão e 60 mil contadores de energia era o número previsto. Os contadores deveriam ser instalados até 2017, sendo que o governante adiantava que o projecto incorporava já a construção de uma unidade fabril, que iria passar a produzir os contadores.

Dados da ENDE indicam ainda que tem crescido o número de clientes que pirateiam os contadores eléctricos por forma a furtarem-se ao pagamento. A empresa tem detectado este tipo de casos com menor incidência no casco urbano, mas vai aumentando principalmente na periferia e em edifícios, onde as caixas de contadores se encontram ao alcance dos clientes. “Temos muitos problemas na Vida Pacifica, nos Bês, Rangel, Marçal, bem como em algumas zonas urbanas de Luanda, sítios onde a tipologia da rede é propensa a este tipo de situação”, revela Tunganito Alberto.

Os indicadores mostram ainda que, do total dos clientes inscritos no pré-pago, 85% compra a recarga com regularidade, alguns com alguma sazonalidade, o que pode “não representar uma fraude”, garante Salvador Tunganito Alberto, que indica que 15% corresponde ao número de clientes que não aparecem mensalmente nos balcões da empresa.