Falta de dólares trava meta ?de 4 milhões de ovos diários
PRODUÇÃO NACIONAL. Avicultores e governantes reúnem-se a 24 deste mês no primeiro Encontro Nacional dos Avicultores. Pretendem solução para as suas dificuldades e retomar o bom momento anterior à actual crise financeira.
O Primeiro Encontro Nacional dos Avicultores pretende debater formas que viabilizem o aumento da produção diária de ovos no país, passando dos actuais dois milhões para quatro milhões diários. O encontro junta produtores das 18 províncias e vai debater formas que garantam melhor distribuição de divisas para a importação de matéria-prima, segundo avançou, ao VALOR, o presidente da Associação dos Avicultores de Angola, Rui Santos. “Estamos a passar por muitas dificuldades devido à crise. Várias unidades de produção reduziram os seus efectivos animais (galinhas), outras encerraram as actividades, daí a necessidade de um diagnóstico sobre o futuro do sector”, observa.
Os avicultores pretendem apresentar ao Executivo uma “proposta concreta” para a criação de uma central logística, entidade intermediária entre o Banco Nacional de Angola (BNA) e a sua associação. O objectivo, explica Santos, é captar divisas necessárias à importação de matéria-prima para todos os produtores (grandes, médios e pequenos), evitando que os mesmos recorram ao banco central de forma isolada.
A associação estima a produção actual de ovos entre os 40% e 50% das necessidades locais, o que significa que o país esteja a importar metade do que consome. As galinhas são todas importadas.
Entretanto, os custos com a importação do milho, soja, cartões e animais são altos e as quantidades de produção reduzidas.
Outra dificuldade prende-se com a produção de embalagem. Rui Santos diz que se “vive um período crítico”, mas afirma que, timidamente, já há produção local para os cartões de 30 ovos, produzidos por empresas chinesas.
Rui Santos nota alguma falta de iniciativa dos angolanos para a produção local deste material, mas acredita que existam ideias por concretizar. “Os chineses estão a remediar a situação”, comenta.
Aviários “retidos”
Um plano do Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Rural (MINADER) que previa a transferência, para a província do Bengo, das 33 unidades avícolas identificadas em Luanda, está atrasado.
A decisão, tomada em 2012, previa a mudança de modo a isolar essas unidades de produção de alimentos da capital, mas a falta de financiamentos para a construção das infra-estruturas tem travado a sua concretização.
O presidente da Associação dos Avicultores de Angola, Rui Santos, disse ao VALOR que a direcção provincial da Agricultura do Bengo também “não facilita”, pois a representação deixou de emitir licenças em 2014.
Quem sair de Luanda terá de construir tudo de raiz por sua própria conta e risco, estando os custos avaliados em dois milhões de dólares para uma unidade de pequena capacidade.
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