Falta de gás ameaça paralisar ALNG
PETRÓLEO. Previsões actuais de fornecimento de gás associado ao Angola LNG indicam um declínio abrupto, susceptível de provocar a paragem da planta, se não forem adicionadas fontes de gás.
O plano de desenvolvimento nacional do sector petrolífero (PDNSP) revela que a produção da fábrica Angola LNG, por falta de abastecimento de gás, regista um défice de cerca de 4,5 triliões de pés cúbicos (TCF), que só pode ser parcialmente compensado por gás associado (ao petróleo).
O documento oficial refere que as previsões actuais de fornecimento de gás associado ao ALNG indicam um declínio abrupto, “susceptível de provocar a paragem da planta”, se não forem consideradas fontes adicionais. Mas o vazio pode ser parcialmente compensado, com cerca de 1,5 triliões de pés cúbicos de recursos adicionais do campo de Quiluma, no Soyo, que poderão ser desenvolvido a partir de 2021. No entanto, como constata o próprio Governo, serão necessárias algumas melhorias no regime fiscal da ALNG. Outra possibilidade passa por a fábrica comprar gás a outros grupos empreiteiros.
O plano oficial admite ainda outras hipóteses para a inversão do quadro. Recomenda, por exemplo, a inclusão do gás associado do Bloco 32, que inicia a produção em 2018, além da melhoria das condições económicas do ALNG, para permitir o desenvolvimento dos campos de gás não associado que já lhe estão dedicados desde 2007. A utilização de outros recursos dos blocos actuais (campos marginais) é outro trunfo que poderá promover a pesquisa e desenvolvimento de campos de gás não associado, que poderá ser comprado pelo ALNG.
1,33 MILHÕES DE BARRIS ATÉ 2022
As metas do plano do sector petrolífero antecipam que, até 2022, Angola explore 1,33 milhões de barris por dia, facto que mostra o agravamento do declínio da produção nos próximos anos.
As novas projecções contrariam assim os cálculos avançados aquando do lançamento do Plano Nacional de Desenvolvimento que apresentava uma previsão optimista de 1,490 milhões de barris por dia e que, segundo analistas, dificilmente seriam alcançados.
O documento oficial não se fica, entretanto, pelo avanço das ‘más notícias’, sem apontar caminhos. Uma das recomendações, para se aligeirar a baixa da produção, passa por manter a disponibilidade das instalações, pelo aumento da taxa de recuperação por campo, pelo desenvolvimento dos campos marginais, além da exploração em áreas de desenvolvimento. No fundo, os objectivos fixados, como escreve o Governo no PDNSP, só poderão ser atingidos se novos projectos de desenvolvimento forem sancionados.
O balanço da produção do 1.º trimestre de 2018 demonstra que o andamento da produção foi inferior às previsões. A média prevista foi de 1,6 milhões de barris por dia, mas, no fim do período, ficou-se pelos 1,5 milhões, uma queda de 5.80%.
RESERVAS PARA METADE
No plano do sector petrolífero, o Governo escreve que a taxa de reposição de reservas nos últimos anos foi muito baixa, apesar de se manter num nível de produção elevado, com 600 milhões de barris/ano. Desde 2010, as reservas nacionais de petróleo reduziram em 50,8% passando de 16,1 para 8,2 mil milhões de barris. “Com a tendência actual de produção e reposição de reservas, o tempo de vida das reservas é de cerca de 14 anos”, le-se no documento, que recomenda a revisão do método de cálculo das reservas de Angola, além de apelar para a sua aproximação à metologia SEC (security and Exchange Comission). O documento menciona também a necessidade do relançamento da exploração.
IMPORTAÇÃO DE REFINADOS CAI
Entre 2013 e 2017, o custo total de importação dos refinados registou uma redução de aproximadamente 2,68 mil milhões de dólares, que representam 61% do custo em 2013. A redução deveu-se ao corte dos preços de compra dos refinados, provocados pela baixa dos preços do crude, pela redução das quantidades importadas e pela liberalização dos preços no consumidor final.
Na estratégia de refinação, as tarefas estão enumeradas: substituição das importações de refinados por produção interna, com vista a tornar o país auto-suficiente; atracção e estabelecimento de parcerias com entidades privadas; desenvolvimento de projectos de construção de refinarias; agregação de valor aos crudes; redução da exportação de divisas nas importações de produtos refinados, e promoção da indústria petroquímica de forma faseada e com a perspectiva de aumento da rentabilidade.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...