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Falta de investimentos trava pólo agro-industrial de Capanda

AGRO-INDÚSTRIA. Projecto precisa de 200 milhões de dólares para implantar um sistema de irrigação alternativo, mas o Governo não o aprova. Enfrenta também problemas de infra-estruturas que condicionam os planos de diversificação da economia.

03 02 2014 family farming

Falta de financiamentos e dificuldades de infra-estruturas impedem o desenvolvimento do Pólo Agro-Industrial de Capanda, em Malanje, o qual, em pleno funcionamento, permitiria reduzir em 35% as necessidades de importação de grãos, revelou Carlos Fernandes, presidente do conselho de administração da sociedade que gere aquele espaço de 411 mil hectares.

Durante uma apresentação recente sobre a evolução do projecto e das potencialidades da região, Carlos Fernandes identificou dois grandes factores que impedem a atracção de investidores para aquele local, destacando-se entre estes o relativo a infra-estruturas, sobretudo electricidade, água e estradas.

“Temos construídos 164 quilómetros de estradas secundárias, 173 quilómetros de rede de energia eléctrica, duas sub-estações ampliadas, mas não temos potência suficiente para que os beneficiários arranquem as respectivas indústriais”, referiu Carlos Fernandes, para quem a solução passa pela ampliação da sub-estação de Capanda, uma vez que a zona precisa de, no mínimo, 12 megawatts de potência.

O gestor vê também com preocupação o surgimento de ramais fora do âmbito do projecto de electrificação, facto que, observou, pode “desvirtuar os objectivos pela qual o mesmo foi criado”. Segundo Carlos Fernandes, outro facto de estrangulamento reside na falta de um plano de abastecimento hídrico, orçado em 200 milhões de dólares e que aguarda a aprovação do Governo, pois considera que os investidores não podem depender da chuva. Vaticina que se a actual estiagem em de Malanje persistir, poderá resultar em prejuízos de vários milhões de dólares.

O antigo ministro da Agricultura salientou que os promotores dos investimentos no referido pólo enfrentam dificuldades para obter financiamentos, argumentando que os bancos apresentam dúvidas sobre a viabilidade financeiras dos projectos. Por forma a equacionar o problema, revela que o SODEPAC está, neste momento, em negociações com o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) e bancos comerciais.

Ao Governo, o organismo apela à rápida aprovação do plano hídrico, à conclusão das obras de potenciação da estação de Capanda e à aprovação para a construção de centralidades, sobretudo das chamadas ´agro-vilas´.

O Pólo Agro-industrial de Capanda possui 196 bairros, habitados por 28 mil famílias, às quais se juntam 27 mil pessoas dispersas numa área de 411 mil hectares. O plano de desenvolvimento da zona inclui a construção de escolas e postos de saúde, tendo, entretanto, a agricultura como o centro de actividade.

Os investimentos globais da Sociedade de Desenvolvimento do Pólo Agro-Industrial de Capanda (SODEPAC) ultrapassam 1,217 mil milhões de dólares, segundo Carlos Fernandes. Até ao primeiro semestre de 2017, encontravam-se instaladas naquele polo 29 empresas numa área total de 152.684, 13 hectares, com projecção de produção anual de 5.322.671,00 toneladas de produtos diversos e criação de cerca de oito mil empregos directos.

A SODEPAC foi criada em 2008 com objectivo de dinamizar e gerir o Pólo Agro-Industrial de Capanda, tendo adoptado um modelo de desenvolvimento assente em premissas estruturantes, como o estabelecimento de cadeias produtivas.