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PROJECTO PODE SER RETOMADO EM BREVE

Falta de vagões adia transporte de gás para Malanje pelo CFL

TRANSPORTES. A previsão de arranque do transporte de gás apontava para Setembro de 2015, mas a falta de vagões inviabilizou o negócio entre os Caminhos-de-Ferro de Luanda e a Sonagás. A instituição ferroviária mantém a esperança de concretizar o projecto a breve trecho, afirma o porta-voz da Instituição, Augusto Osório.

 

A falta de vagões de transporte inviabilizou a pretensão dos Caminhos-de-Ferro de Luanda de transportar gás butano para Malanje, no âmbito de um acordo que a empresa pretendia estabelecer no ano passado com a Sonagás, a subsidiária da Sonangol. A previsão de arranque estava para Setembro de 2015, mas “nada se efectivou”, explica o diretor do gabinete de Intercâmbio, comunicação, marketing e serviços, da instituição ferroviária, Augusto Osório, que, contactado pelo VALOR, não arriscou um horizonte temporal para o início da operação.

“Somente após a aquisição dos vagões de transporte, vão activar-se os outros procedimentos. O negócio está condicionado por uma questão técnica”, disse ao VE. No ano passado, foram efectuadas duas viagens experimentais de transporte de gás para Malanje e Ndalatando. Nessa altura, segundo os responsáveis da empresa, faltava apenas aprimorar os termos do acordo relativos ao número de frequências de viagens por mês e quantidades transportáveis, pendentes que, por sua vez, dependiam em parte da resolução dos problemas que a linha apresentava ao longo de 215 quilómetros, e que condicionam o transporte de grandes quantidades de produtos. No ano passado, Augusto Osório explicou que a solução para suprir as insuficiências apontadas constavam de um plano de negócios submetido ao ministério de tutela, liderado por Augusto Tomás. O plano prevê a compra de vagões para o transporte de contentores, viaturas e outros tipos de mercadorias, vagões cisternas para o transporte de gás e cereais e a construção de seis novas estações.

Neste momento decorre a duplicação de linhas da estação do Bungo até à Baía em Viana, projecto que inclui a ligação com o novo aeroporto internacional de Luanda e o porto da barra do Dande. Prevê-se também a contrução, ao longo do seu tracejado, de seis passagens superiores para evitar os actuais constrangimentos gerados com cruzamento de linhas.

Para além do transporte regular de passageiros, o Caminhos-de-Ferro de Luanda efectua o transporte de combustível semanalmente para Malange para a Sonangol logística, numa frequência de quatro viagens por semana, além das cargas ligeiras (pequenos embrulhos e quindas dos passageiros). Mensalmente os Caminhos-de-Ferro de Luanda arrecada 42 milhões de kwanzas, fruto do transporte, arrendamento de bens imobiliários e parques de estacionamento, segundo o presidente do conselho de administração do CFL, Celso Rosa, que explicou que 50% do valor provem fundamentalmente dos transportes de passageiros, 35% de cargas transportadas e 15% dos arrendamentos imobiliários.

Segundo Celso Rosa, o total do valor arrecadado corresponde apenas a cerca de 38% das necessidades mensais da empresa ferroviária, porque os custos da instituição estão estimados mensalmente em cerca de 288 milhões de kwanzas. No ano de 2015, a empresa teve gastos de cerca de 95 milhões de kwanzas devidos a reparações dos comboios, em consequência de acidentes que se registam na linha férrea, e que criam prejuízos aos Caminhos-de-ferro.

Diariamente, mais de 15 mil pessoas são transportadas no troço da estação do Bungo até Catete, no entanto, segundo o porta-voz do CFL, as receitas arrecadadas com a venda de bilhetes não cobrem os custos de manutenção da circulação diária da locomotiva. O CFL recebe dos cofres do Estado um subsídio de 102 milhões de kwanzas mensais.

A administração do Caminho de Ferro de Luanda (CFL) anunciava, em Novembro do ano passado, que iria adquirir mais locomotivas. O investimento pretendia aumentar para mais de três milhões o número de passageiros por ano, revelava, na altura, o presidente do Conselho de Administração.

O PCA do CFL destacava ainda o trabalho de manutenção em “quase toda as vias para que sejam seguras e para que os comboios circulem com segurança”.