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TAREFA DO MINISTÉRIO DO COMÉRCIO ‘ENCALHADA’

Falta de verbas mantém armazéns nas cidades

COMÉRCIO. Processo iniciado há cinco anos foi justificado, entre outras razões, com necessidade de reorganização da actividade comercial. A paralisação das transferências não altera, entretanto, as queixas dos comerciantes.

 

 

Os armazéns grossistas, em todo o país, vão continuar no casco urbano por tempo indeterminado, segundo vários agentes comerciais consultados pelo VALOR, que explicam o fracasso da medida governamental, com a crise financeira instalada desde 2014.

O processo de retirada dessas unidades comerciais dos espaços urbanos começou há cinco anos, por decisão do Ministério do Comércio, com os armazéns da Mancambira, na Vila-Alice, em Luanda, a serem o ponto de partida. Nos bairros Rangel, São Paulo e Hoji-ya-Henda, em Luanda, muitos armazéns foram numerados e o processo previa abranger todo o país.

O Ministério do Comércio argumentava que pretendia, deste modo, reorganizar a actividade comercial, tendo inclusive, em 2015, ameaçado retirar os alvarás aos operadores que insistissem em permanecer na cidade. No início do processo, todos os armazéns foram encerrados, na Mancambira, e posteriormente demolidos e a então ministra Rosa Pacavira chegou a ordenar que os agentes comerciais visados fossem transferidos para o bairro Benfica, onde o Governo instalou algumas naves para acolher o comércio a grosso. Infra-estruturas idênticas, entretanto paralisadas por falta de verbas, começaram também a ser construídas no ‘Quilómetro 30’, em Viana.

Na altura, os agentes comerciais queixaram-se dos acessos aos pontos indicados pelo Governo, mas o processo manteve-se. Passados mais de cinco anos, com as transferências interrompidas, os comerciantes mantêm as críticas ao processo. Além da questão dos “difíceis acessos’, no caso dos espaços do ‘Quilómetro 30’ e do Benfica, alguns comerciantes se queixam da alta dos preços cobrados para o uso dos armazéns que chegam a roçar o equivalente, em kwanzas, a dois mil dólares por mês.

Fonte do Ministério do Comércio, que preferiu não ser identificada, contrariou, entretanto, as afirmações de vários comerciantes, declarando, sem o especificar, que “o valor é simbólico”.

Riberio Amaro, responsável dos recursos humanos do grupo de Armazéns Morex, diz que houve um “fracasso” do Governo, ao revelar-se agora “incapaz de concluir o processo por falta de condições financeiras”. Luísa Neto, inspectora dos armazéns Robinia-Comércio e Indústria, comenta, por sua vez, que o assunto deixou de ser tratado desde a exoneração da ex-ministra do Comércio, Rosa Pacavira.

O VALOR constatou que o espaço onde foram demolidos os armazéns da Macambira, em 2013, encontra-se, até ao momento, envolto em capim, apesar de vedado, com um placar da empresa Nora África- Engenharia.