OPERADORES ECONÓMICOS CONSIDERAM NEGÓCIO RENTÁVEL

Farmácias facturam 42 milhões de dólares

FARMÁCIAS. Negócio farmacêutico é rentável e pode facturar cerca de 42 milhões de dólares por ano. Por isso, número de solicitação de licenças cresce. Entretanto, quem está no mercado apresenta queixas. Desaparecimento de contentores em portos e aeroportos é apenas uma.

Mais de 1.250 farmácias estão legalizadas em todo o país, de acordo com a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Katiza Mangueira. Tendo em conta o número “crescente” de pedidos de licenciamento que o Ministério da Saúde recebe, “o negócio é rentável”, mas a distribuição geográfica é desigual, apresentando maior concentração em Luanda, seguida das grandes cidades.

A responsável da Ordem dos Farmacêuticos de Angola explica que o negócio não se centra na venda de medicamentos. Inclui o fabrico, pesquisa, assuntos regulamentares, farmacovigilância, farmácia hospitalar, entre outras áreas especializadas.

Moniz Silva, o director do grupo MS, que actua no sector e, que antes da crise, facturava anualmente 42 milhões de dólares, mostra números para justificar que “ há ainda muito espaço” neste mercado. “Angola tem um rácio de uma farmácia para 15 mil habitantes”. Rácio que considera baixo se, comparado com o Brasil que tem uma farmácia para cada três mil habitantes”.

O investimento numa farmácia de alto nível, ou seja, da primeira classe, pode custar um milhão de dólares. Tal como Katiza Mangueira, Moniz Silva admite que o mercado é rentável. Mas deixa claro que “o retorno do investimento não é imediato. “Verifica-se apenas ao cabo de pelo menos cinco anos, dependendo também do mercado onde a que se recorre para compra dos produtos.”

Katiza Mangueira recusa-se a apresentar a lista dos “líderes no mercado das farmácias”, justificando não pretender fazer publicidade a qualquer dos grupos.

Entretanto, o grupo MS - Moniz Silva autodescreve-se como o maior grupo da rede farmacêutica com nove farmácias em Luanda, uma no Huambo e igual número em Benguela.

O lugar é disputado com o Grupo Farmácias que conta com seis lojas, no Shopping Gika, um investimento avaliado em 600 milhões de kwanzas. Há outros concorrentes, a Mecofarma, Farmácia Popular, associada ao grupo Teixeira Duarte, entre outras.

 

Preços mais caros da SADC

Os preços de medicamentos praticados por Angola são mais altos que noutros países da região da SADC, segundo dados oficiais, que revelam estar a decorrer um levantamento sobre a proveniência dos medicamentos e que, após a sua conclusão, os resultados serão divulgados. Apesar de os preços estarem tabelados por um decreto, nas farmácias, diferem, nalguns casos, porque o cálculo é feito com base na importação.

Um ano para esquecer, mas que abriu oportunidades para quem pretendia investir no negócio das farmácias. “Complicado para todos os operadores do sector do medicamento, mas também de oportunidades, pois muitos saíram do mercado por força das dificuldades financeiras”. É assim que os operadores do mercado consideram o ano passado.

Desvio de medicamentos

O difícil acesso a divisas afectou as importações. Pior do que isso, segundo Dulce Lubrano, também empresária do ramo, há casos de contentores de medicamentos que desaparecem dos portos e aeroportos.

Dulce Lubrano conta a história da sua firma que perdeu uma paleta de vacina que custou 52 mil dólares, mas que desapareceu no Aeroporto Internacional de Luanda, sem que houvesse indemnização da parte da ENANA. Mas não foi a primeira vez. Afirma que o mesmo acontece no Porto de Luanda. A gestora de uma empresa importadora de medicamentos entende que o Governo deveria facilitar a saída dos medicamentos dos portos e aeroportos, o que, na sua opinião, “não acontece”.

O Presidente do Conselho de Administração do Porto de Luanda, Bengui Alberto António, em reacção, esclarece que, a carga e descarga de mercadorias não são da responsabilidade exclusivas destas entidades nem da ENANA. Segundo explica, no espaço portuário, intervêm outros órgãos e entidades e as pessoas prejudicadas podem sempre contactar a administração comercial para se averiguarem os casos”.