FBI investiga família Gupta e presidente Zuma
INVESTIGAÇÃO. Autoridades norte-americanas estão a investigar, sobretudo, fluxos de caixas suspeitos, enviados pelos Gupta directamente da África do Sul para o Dubai e os EUA.
A poderosa família de origem indiana, que domina os negócios na África do Sul, está a ser investigada pelo FBI, segundo noticiou, na semana passada, o ‘Financial Times’ com repercussão em diversos sites internacionais.
Segundo as noticias, além das escandalosas acusações de que o Presidente Jacob Zuma esteja a favorecer as actividades empresariais dos dois irmãos, o FBI está a investigar, sobretudo, fluxos de caixas suspeitos, enviados pelos Gupta directamente da África do Sul para Dubai e para os Estados Unidos.
As investigações do FBI, segundo consta, concentrar-se-ão em membros da família que residem nos Estados Unidos, no caso os sobrinhos Ashish e Amol Gupta que possuem uma empresa que recebeu dinheiro de uma empresa com sede em Dubai, ligada aos tios Atul e Ajay Gupta.
Acredita-se, no entanto, que o FBI está também a considerar as informações reveladas nos chamados vazamentos de Gupta, no início deste ano, que incluíram centenas de documentos e ‘e-mails’ detalhando o envolvimento da família em práticas de corrupção, envolvendo entidades estatais e altos funcionários do governo e políticos, incluindo o presidente Jacob Zuma e sua família. Na altura, Atul Gupta garantiu, entretanto, que os ‘e-mails’ “não são autênticos”. Por sua vez, a The Hawks, unidade sul-africana especializada no combate à corrupção, adiantou que estava a trabalhar para averiguar a veracidade dos documentos.
“Estamos, realmente, a fazer um esforço para mostrar que, no final, as pessoas podem ser levadas a juízo. Se formos ao tribunal, apenas por mera alegação, ficaremos envergonhados porque os casos serão descartados”, explicou, na altura, Yolisa Matakata, responsável máxima da instituição.
As notícias que dão conta da investigação da família Gupta pelo FBI, entretanto, motivaram reacções internacionais. Consta, por exemplo, que a Autoridade de Conduta Financeira da Grã-Bretanha (FCA, na sigla inglesa), procurou os bancos HSBC e Standard Chartered para averiguar se tais afirmações são de facto verídicas. Também Peter Hain, do Partido Trabalhista, terá enviado uma carta oficial, da Câmara dos Comuns do Reino Unido, ao ministro das Relações Exteriores britânico, Philip Hammond. Hain solicita que Hammond garanta às autoridades responsáveis pela aplicação da lei e às agências reguladoras do país que investiguem as acusações até ao fim.
Na própria África do Sul, o deputado Floyd Shivambu questionou o presidente do Senado, Cyril Ramaphosa, sobre a razão pela qual as empresas vinculadas aos Gupta não estavam a ser investigadas por suposto envolvimento em corrupção. “Porque é que o Governo não fez nada sobre os 500 milhões pagos à Trillion Capital? Porque não há uma auditoria? Vocês têm medo dos Gupta?”, inquiriu Shivambu.
A família migrou do estado indiano de Uttar Pradesh para a África do Sul em 1993, pouco antes das primeiras eleições democráticas do país. Possui investimentos nos sectores de equipamentos de informática, média e mineração.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...