Filosofando com Lula e Mandela
Luís Inácio Lula da Silva costuma dizer que aprendeu com Nelson Mandela que governar é, na sua essência, cuidar das pessoas. Os críticos que preferem interpretar essa afirmação, à luz das raízes ideológicas de Lula, só alcançam nela o paternalismo e o assistencialismo tradicionalmente associados à esquerda. Nada poderia ser mais errado, mas esse erro de análise é compreensível por ser apenas e só politicamente motivado. Longe de ser explicada por qualquer rigidez intelectual ou por alguma limitação cognitiva, a leitura dos críticos é sobretudo justificada pela intransigência do omnipresente confronto ideológico. “Se o Lula é da esquerda e fala em cuidar das pessoas, está necessariamente a falar de paternalismo e assistencialismo, ponto final”, inferirão os críticos, na generalidade, adeptos do neoliberalismo.
A ideia original de Mandela, replicada por Lula, só pode ser cabalmente compreendida, entretanto, no seu amplo alcance filosófico. Na compreensão de que o fim último da governação tem de ser inexoravelmente a realização plena das pessoas. Realização social, realização económica, realização política, realização cultural, realização espiritual, etc.
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