Financiamento com origem no Reino Unido cresceu 324%
DÍVIDA PÚBLICA. Estados Unidos da América são os credores com segundo maior crescimento dos financiamentos, enquanto a quota da China recuou 11,1 pontos percentuais. Do Reino Unido destaca-se a Gemcorp.
Com uma variação de 323,6% o stock da dívida de Angola com o Reino Unido é o que mais cresceu no leque da dívida externa pública por países (incluído as organizações internacionais), passando de 3.247,2 para 13.045,3 mil milhões de dólares entre 2017 e 2021.
Na sequência, a quota do Reino Unido entre os credores de Angola também é a que mais cresceu, 18,1 pontos percentuais ao sair de 7,4% para 25,5%. Em 2018, registou-se assim uma inversão na tendência de o Reino Unido perder mercado entre os credores de Angola, quando viu o stock cair de 10,921 para 3,247 mil milhões de dólares entre 2014 e 2017.
Gemcorp “recupera” Reino Unido
Para o crescimento dos recursos provenientes do Reino Unido concorrem os financiamentos da Gemcorp, fundo sediado naquele país europeu, mas cujos beneficiários finais têm sido objecto de especulação, tendo alguma imprensa já nomeado figuras do poder angolano. Segundo cálculos do Valor Económico, com base aos decretos presidenciais que aprovam financiamentos entre o Governo e as instituições financeiras, entre 2018 e 2021, a Gemcorp garantiu financiamentos de cerca de 2,4 mil milhões de dólares, enquanto outras instituições bancárias 585,805,642,78 dólares.
Ou seja, um total de 2.985.805.642,78 dólares que, somados ao stock de 2017, fixaria o stock da dívida proveniente do Reino Unido em mais de 6,233 mil milhões de dólares. A diferença de cerca de 6,8 mil milhões de dólares, face ao stock de 13.045,3 mil milhões de dólares, estará associada aos juros e aos respectivos serviços da dívida.
Recentemente, ao abordar os financiamentos da Gemcorp (e também do Grupo Mitrelli), o Presidente João Lourenço salientou que estas instituições "trazem financiamento para o Estado em condições não gravosas".
A Gemcorp tem ainda um contrato com a Sonangol para o financiamento da construção da refinaria de Cabinda, cujo investimento global está avaliado em cerca de 700 milhões de dólares, 220 milhões dos quais na primeira fase. Mas João Lourenço garantiu que se trata de um projecto privado. “Não é um projecto público, o Estado angolano não vai pagar nada nos próximos anos à Gemcorp, esse projecto não constitui dívida pública.”
CHINA PERDE TERRENO
Depois do Reino Unido, os Estados Unidos seguem-se como o credor, cujo financiamento mais cresceu, cerca de 123,9%, ao sair de 1,345 para 3,011 mil milhões de dólares, nos últimos quatro anos. Já a quota dos norte-americanos passou de 3% para 5,9%, ou seja, um crescimento de 2,9 pontos percentuais.
Na terceira posição entre os credores que mais cresceram surge as organizações internacionais com um crescimento de 77,9%, passando de cerca de 2,122 para 3,778 mil milhões de dólares.
Já a China, que continua a ser o maior credor de Angola, viu reduzido o crédito em cerca de 6,9%, passando de 23.206,9 para 21.602,1 milhões de dólares. A quota de financiamento da China reduziu 11,1 pontos percentuais, passando de 53,4% para 42,3%.
Em 2021, o stock da dívida pública de Angola está avaliada em mais de 51,040 mil milhões de dólares.
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