FMI pede mais sinergias aos membros, com Angola incluída na acção
ECONOMIA GLOBAL. Directora-geral do Fundo pede “favores” a actores da economia mundial para mais integração e “não” ao proteccionismo, como forma de ‘dar gás’ ao estado de “estagnação” da riqueza global. Angola, acatando conselhos, já se lançou nos diálogos com parceiros internacionais.
Maior integração económica e fim ao protecionismo no comércio mundial foram os dois desafios lançados no último dia da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) aos países membros e a vários actores da economia mundial. O pedido veio de Christine Lagarde, directora-geral do organismo, que reconhece haver “estagnação económica global”.
Da sua folha de discurso, Lagarde advertiu aos membros que, se não houver “globalização” na economia, o actual momento de estagnação pode prolongar-se, dando exemplos recentes de como este factor [tecnológico] funcionou noutros sectores da actividade económica.
Lagarde concretizou o discurso ao referir-se à utilização dos recursos tecnológicos na massificação dos programas de reformas económicas, no que foi corroborada pelo presidente do Grupo Banco Mundial (GBP), Jim Kim, durante a reunião realizada de 7 a 9 de Outubro.
“Os carros são cada vez mais autónomos. Os robôs e a automação tornaram-se indispensáveis em todas as indústrias. Os telefones celulares substituem agências bancárias. A inteligência artificial e pesquisa de computação quântica estão a revolucionar a economia global”, apontou a chefe do Fundo.
“A globalização tem funcionado durante vários anos e representou enormes benefícios para muitas pessoas. Não acho que seja o momento de oferecer resistência”, concluiu Lagarde, apelando, ao mesmo tempo, à maior inclusão entre os actores económicos e à “estagnação” em que se encontra a economia mundial.
Um comunicado de imprensa publicado no site do orangismo de política económica mundial atesta essa afirmação. De acordo com a nota, o crescimento económico global permanecerá lento em 2016, com apenas uma “modesta melhoria esperada em 2017”.
Nas transacções internas de cada país, “a demanda permaneceu suave, apesar das políticas monetárias altamente estimulantes”. Outro indicador que, aos olhos Fundo, “arrefeceu” é o investimento directo estrangeiro para os países em desenvolvimento.
“Instamos o Grupo do Banco Mundial (GBM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para trabalhar em conjunto com os países, para melhorar a sinergia entre as políticas de reforma monetária, orçamental e estrutural, além de estimular o crescimento, criar empregos e fortalecer os ganhos do multilateralismo para todos”, lê-se numa nota disponível no site do FMI.
ANGOLA ‘ACATA’ RECOMENDAÇÕES
Das recomendações sobre integração e sinergia económica, Angola aproveitou todas, a avaliar pelo conjunto de encontros que a equipa económica do Governo de José Eduardo dos Santos manteve com importantes instituições financeiras bancárias e não bancárias norte-americanas e sediadas nos Estados Unidos. Movido pela necessidade de recuperação da economia, que, para 2016, não deve crescer acima de 1,1%, segundo a última revisão do Governo, e pela recuperação da credibilidade financeira internacional, o governador do Banco Nacional de Angola, Valter Filipe, sentou-se à mesma mesa com altos responsáveis do Bank of America, Exim Bank e altos quadros da reserva federal norte-americana. Se o Governo estima haver baixa no crescimento da riqueza, há instituições de classificação financeira ainda mais pessimistas. É o caso da agência Fitch, que desceu o ‘rating’ da dívida soberana do país e as margens de crescimento do PIB para zero, contrariando todas as projecções do Governo até ao final de 2016. A avaliação da Fitch sucede às anteriores revisões do Governo que previa, inicialmente, um PIB na ordem dos 3,3%, que passou a 1,3%, e de 1,3 a 1,1%, esta última revisão feita durante as discussões na especialidade do Orçamento Geral do Estado 2016 revisto, que recebeu luz verde dos parlamentares, em Agosto.
CONTACTOS FIRMADOS NA INDÚSTRIA
Do lado de Angola, e para equilibrar as contas públicas internas, não faltou interesse na estratégia de cooperação. O ministro do Planeamento e Desenvolvimento do Território, Job Graça, apresentou as ‘mais-valias’ de se investir em Angola, durante uma mesa redonda com responsáveis do Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (FIDA) e da General Electrics.
Mais advertências do FMI
O Comité de Desenvolvimento do FMI reuniu-se, no antepenúltimo dia da reunião anual, e faz um conjunto de alertas para os países membros, parte das quais o VALOR descreve abaixo:
O Crescimento económico vai permanecer lento até finais de 2016. A recuperação só em 2017, mas será ligeira;
Durante os próximos 15 anos, o panorama desenvolvimento terá de sofrer mudanças profundas, incluindo as alterações climáticas, desastre naturais e as alterações demográficas;
Os objetivos de Desenvolvimento Sustentável (DPSs) e do Acordo COP21 vão exigir um “melhor Banco Mundial”, mais forte e mais ágil, tarefa que vai exigir igualmente maior envolvimento e colaboração com as instituições financeiras internacionais e parceiros globais e fundos privados adicionais;
A próxima reunião do Comité de Desenvolvimento está programada para 22 de Abril de 2017;
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...