ALOCAÇÕES PRIORIZAM SAÚDE E AGRICULTURA

FSDEA fecha o ano com investimento ?de 465 milhões USD em Angola

INVESTIMENTO. Valor deve ser ‘estreado’ antes de 31 de Dezembro, com alocações directas para os sectores da agricultura e saúde. Silvicultura já usou 10% dos 220 milhões de dólares do fundo de concessão de eucaliptos em Angola. Há também dinheiro investido fora do país.

O Fundo Soberano de Angola (FSDEA) prevê aplicar, antes do final do ano, um envelope financeiro avaliado em 465 milhões de dólares, para o fomento da actividade agrícola e do sector da saúde, revela a entidade em relatório de balanço do primeiro trimestre enviado ao VALOR.

A iniciativa consta de um grupo de investimentos que o organismo estatal aplicou durante o ano passado e os que deverão ser aplicados antes do fim de 2016, com destaque para os projectos da agricultura e saúde a que o Fundo denominou por “grandes alocações em Angola”.

Até 31 de Março, a entidade liderada por José Filomeno dos Santos tinha contabilizado, no seu balancete trimestral, 4,56 mil milhões de dólares em activos totais, perto de 60% dos quais aplicados a fundos de private equity, que se “dedicam a investimentos nacionais e regionais”.

“Estes fundos visam gerar novas fontes de receita para o Estado angolano, bem como apoiar o desenvolvimento de novos ramos industriais, além da exploração petrolífera”, justifica o presidente do conselho de administração do FSDEA, José Filomeno dos Santos, citado no documento, e para quem os investimentos “em ramos e classes de activos específicos” vão continuar.

Do total de fundos (465 milhões USD) a aplicar até ao final do ano, parte do montante deverá cobrir despesas de iniciativas agrícolas, decorrentes de uma concessão de sete fazendas “de larga escala” pelo Ministério da Agricultura. Aliás, foi na semana passada que o chairman do FSDEA anunciou, para breve, o alargamento dos projectos de apoio à agricultura familiar, conforme noticiou o VALOR na edição de 19 de Setembro.

As fazendas estão localizadas nas províncias do Bié, Cunene, Malanje, Moxico, Kuando-Kubango, Uíge e Zaire e totalizam, segundo a nota do FSEDA ao VALOR, 72.000 hectares de perímetros agrícolas dedicados à produção de grãos, oleaginosas e arroz.

O investimento agrícola permite aceder aos mercados internacionais das soft commodities, reduzir a importação de alimentos e apoiar a diversificação económica nacional, impulsionando o agronegócio e a industrialização, lê-se na nota, que resume as actividades do FSDEA no primeiro trimestre e os principais investimentos de 2015.

No ‘bolo’ reservado à silvicultura (cerca de 220 milhões USD), já foram consumidos 10% do total, investidos “em concessão de larga escala” de eucaliptos em Angola, conforme a nota do FSDEA.

Segundo as contas do Fundo Soberano, as alocações em activos de private equity totalizam 59% do portfólio e destinam-se a investimentos directos em Angola e nos países da África Subsaarina, sendo que os títulos e valores mobiliários presentes no portefólio consistem em obrigações, acções e fundos de cobertura, avaliados em 1,84 mil milhões de dólares americanos.

SAÍDAS DE 'CAIXAS' EM 2015

Não se sabe, na íntegra, as contas consolidadas do ano passado do Fundo Soberano, porque, segundo justifica a entidade, “está actualmente em curso” o processo de “auditoria anual independente das demonstrações financeiras do FSDEA”.

Segundo a nota que compila os resultados do primeiro trimestre e resume o investimento de 2015, 19% dos 1,1 mil milhões de dólares do fundo de infra-estrutura estão investidos em projectos localizados em Angola e no Quénia e 23% dos 500 milhões do fundo imobiliário investidos em projectos hoteleiros, em Angola e na Zâmbia.

MAIS INVESTIMENTOS

Também foram gastos 2% dos 245 milhões de dólares do fundo de mineração, aplicados na totalidade em projecto mineiro na Mauritânia. A África do Sul também absorveu 12% dos 190 milhões de dólares do fundo de capital estruturado e “estão investidos num activo”.

Para o fundo de capital de risco, ao qual foi reservado 2,7 mil milhões de dólares, foram já aplicados 407 milhões de dólares, em investimentos directos em Angola e na região Subsaariana de África. “O período de investimento do património líquido destes fundos de capital de risco é de 3-5 anos, ao passo que a duração da alocação pode ascender os 10 anos”, diz a nota do FSDEA que destaca a autorização do Ministério das Finanças para a adopção das normas internacionais de relato financeiro (IFRS) nos registos contabilísticos e demonstrações financeiras do Fundo até 2017. “A transição do Plano Contabilístico das Instituições Financeiras (CONTIF) para o IFRS, permitirá ao FSDEA expor os dados relativos as suas operações e investimentos com mais detalhe e rigor do que anteriormente.”