Geologia ‘promete’ criar milhares de empregos apesar da crise
MINAS. Pelo menos 18 mil toneladas de ferro/ano começam a ser produzidas ainda este ano no Kuando-Kubango, segundo o ministro da Geologia e Minas, Francisco Queiroz. Apesar da crise, o Plano Nacional de Geologia segue o curso.
O Plano Nacional de Geologia (Planageo) não está a ser afectado pela crise financeira que o país enfrenta, como tem acontecido com outros projectos governamentais, graças a financiamentos externos. Embora tenha registado atrasos, o Planageo, que tem um custo global de 405 milhões de dólares, encontra-se já na sua fase final de levantamento aero-geofísico, com o termo previsto para 2018 (antes previsto para 2017).
“O Planageo estava a ser financiado com recursos ordinários do Tesouro Nacional. Quando estes diminuíram houve necessidade de encontrar soluções alternativas de financiamento, que neste momento estão equacionadas, que comportam linhas de financiamento de Estado a Estado”, afirmou o ministro da Geologia e Minas, Francisco Queiroz.
Segundo o governante, embora os dados interpretados correspondam apenas a oito blocos, dos 22 blocos previstos, 18 já foram sobrevoados tendo produzido 973 anomalias (possível existência de minérios). Basta um por cento das anomalias detectadas, para a constituição de uma grande mina, e prevê-se a existência de mais de três mil anomalias, quando 100% do território for interpretado. Actualmente as análises andam em torno dos 30%.
O ministro da Geologia e Minas deu conta ainda de que o projecto de exploração de ferro gusa na localidade do Cutato, no Kuando-Kubango, arranca este ano e prevê produzir cerca de 18 mil toneladas/ano, enquanto o Projecto Mineiro de Cassinga, na Huíla, vai produzir cerca de 1.700 toneladas de ferro a partir de 2017. Em 2018 está prevista a entrada em funcionamento da mina do projecto Luache, na Lunda-Sul. Com estes projectos, cujo investimento ronda os 250 milhões de dólares, está prevista a criação de 3.500 empregos. Existe ainda o projecto de exploração de fosfato, no Lucunga, no Zaire, com arranque previsto para finais deste ano, que mobilizará também um investimento de 250 milhões de dólares, prevendo gerar 300 empregos.
De acordo com o ministro Francisco Queiroz, a mina do Luache vai permitir duplicar a produção de diamantes da mina de Catoca, que anda a volta dos nove milhões de quilates por ano. Será a maior mina de diamantes de Angola e uma das maiores do mundo, com investimentos previstos em torno dos 800 milhões de dólares e 2.500 novos empregos.
O sector diamantífero contribui para as contas do Estado com cerca de 120 milhões de dólares por ano, através de receitas tributárias. O ministro acredita que a curto prazo, os diamantes poderão ganhar um papel mais acentuado na economia do país. “Estes novos projectos podem dar lugar a uma alteração na estrutura da nossa economia, e conferir ao sector mineiro uma grande relevância em termos de contribuição para a arrecadação de receitas fiscais e alteração da estrutura financeira do país”, afirmou o ministro. O governante informou também sobre a recuperação, pela Endiama, de todo acervo geológico do país que se encontrava em posse da Sociedade Portuguesa de Empreendimentos (SPE) e que é propriedade do Estado angolano. Em relação à exploração de ouro, Francisco Queiroz afirmou que deverá começar na Huíla, a partir de 2018. Espera-se que a produção renda ao Estado cerca 288 milhões de dólares por ano, e que poderá criar 300 postos de trabalho. “O investidor estrangeiro poderá participar com um terço do investimento no sector mineiro e os restantes dois terços reserva-se a nacionais”, afirmou Francisco Queiroz.
Via online, analistas e investidores do grupo “Gestores e Empreendedores Angolanos” comentaram as palavras do responsável das minas, questionando o interesse que pode gerar um investimento cujo retorno ‘capado’ a 30% e simultaneamente sublinhando o valor da informação colhida pelo Planageo.
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