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FILMES LEMBRAM AS LUTAS DE LIBERTAÇÃO NACIONAL

‘Geração da utopia’ em ciclo de cinema

CINEMA. Ciclo de Cinema Messu homenageia ‘A geração da utopia - os cinemas das independências’ e entra na segunda edição. no auditório da sede do Banco Económico, em Luanda, até 11 de Outubro. São exibidos dez filmes em sete sessões, de seis países africanos de expressão portuguesa. As projecções entram no âmbito das lutas de libertação nacional na África de língua portuguesa.

 

 

‘Geração da utopia’ em ciclo de cinema

Na sequência da primeira edição, que homenageou o cinema angolano, a segunda edição do Ciclo de Cinema Messu celebra a ‘Geração da Utopia - Os Cinemas das Independências’ relembrando o internacionalismo cinematográfico e pan-africanismo que uniu a ‘Geração da Utopia’.

Nesta edição que começou a semana passada, no auditório do Banco Económico, em Luanda, são exibidos 10 filmes de seis países: Angola, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Itália, Guiné-Bissau e Cabo Verde, em sete sessões, que vão até 11 de Outubro. Além dos filmes e documentários, serão apresentadas pesquisas actuais, feitas pelas novas gerações nascidas na pós-independência, sobre cinema, fotografia e rádio, que foram usados como ‘armas’, através das linguagens do documentário e da vídeo-arte que olham, retrospectivamente, as marcas da vivência colonial e reflectem sobre as identidades nacionais.

A abertura do ciclo teve, como antestreia, a longa metragem ‘O Canto do Ossobó’ de São Tomé e Príncipe, de Silas Tiny. O realizador são-tomense saiu do país aos cinco anos e emigrou para Portugal, ficando por lá cerca de 30 anos. Seguindo-se os filmes ‘Deixem-me ao menos subir às palmeiras’, do realizador Joaquim Lopes Barbosa. ‘La vittoria é certa’, do realizador Lionello Massobrio, é falado em italiano e português.

E amanhã, 2 de Outubro, é exibido ‘Djambo’, dos realizadores Chico Carneiro e Catarina. O filme retrata a luta de libertação e o processo de reconstrução de Moçambique após a independência. Também passa o filme ‘Kuxa kanema, o nascimento do cinema’, da realizadora Margarida Cardoso, que realça a criação do Instituto Nacional do governo moçambicano, após a independência em 1975.

Para 4 de Outubro, o ciclo reserva o filme ‘Nelisita’ do escritor, cineasta e antropólogo angolano Ruy Duarte de Carvalho. O filme narra a história da fome, em que numa aldeia, apenas restam duas famílias e um dos seus homens parte em busca de comida, que encontra um armazém guardado por espíritos. Depois de denunciados, são aprisionados todos menos uma mulher grávida, que dá à luz a ‘Nelisita’, que vem a ser a única a ludibriar os ‘espíritos’.

Para 9 de Outubro, está prevista a exibição de ‘A embaixada’, uma aposta da realizadora Filipa César. O filme aborda os códigos de representação da antiga lei colonial portuguesa na Guiné-Bissau e o conflito de regras, perspectivas e modos de produção de memória. Igualmente a ‘Pabia di aos’, da realizadora Catarina Laranjeiro, que conta os 40 anos depois da guerra na Guiné-Bissau.

Para encerrar o ciclo, a 11 de Outubro estão reservados dois filmes, a ‘Repúblika’, do realizador César Schofield Cardoso. Que aborda as vivências do povo cabo-verdiano, descrevendo a nacionalidade, a territorialidade e a identificabilidade. Seguem-se ‘Canhão de boca’, de Ângelo Lopes, que retrata a luta de libertação de Guiné-Bissau e Cabo Verde, onde Amílcar Cabral usou a expressão ‘Canhão de Boca’ para se referir à Rádio Libertação. Este é um documentário sobre a construção da liberdade em Cabo Verde, a partir da rádio, que combina dois tempos, o presente e o passado histórico.