Governo falha promessas da energia
ELECTRICIDADE. A sete meses de 2017, o compromisso assumido, repetidamente, pelo ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, de Angola atingir a capacidade energética de 6200 mega watts (MW), contra os actuais 2.020, parece impossível de atingir.
Em 2012, o Governo prometeu desenvolver uma capacidade energética de mais de 6.200 MW, até ao final de 2017, o que representaria uma cobertura de cerca de 82% população, (com base em dados de 24 milhões de habitantes). João Baptista Borges, Ministro da Energia e Águas reforçou entretanto que em 2025 Angola iria atingir os nove mil MW.
Mas a produção, nos últimos cinco anos, cresceu muito abaixo dos objectivos, saindo dos 1.200 para os actuais 2.020 MW. Para se atingir a meta estipulada para 2017, seria necessário produzir mais cerca de 4000 megawatts. Entretanto, os projectos estruturantes nos quais se depositava a esperança de cumprimento dos objectivos, (Kapanda e a modernização da barragem de Cambambe), não correspondem às expectativas. O primeiro não funciona a 100%, já o segundo apenas em Junho volta a produzir a totalidade da sua capacidade instalada, com a entrada em funcionamento da segunda central.
As infra-estruturas da barragem de Laúca estão concluídas em 77%, mas a parte mecânica está abaixo da metade. E, como lembra o ministro, com o défice energético nos 67%, “mesmo que todas as barragens tivessem operacionais, não dariam energia para todos”. Dos mais de 25 milhões habitantes apenas 33% tem acesso à energia, enquanto os demais aguardam pelo resultado dos investimentos. Até lá, a população cresce, assim como cresce o sector industrial e empresarial, colocando as metas cada vez mais aquém da demanda. A Vidrul, a Lacteangol, a Cuca, são apenas algumas empresas que gastam grande parte dos seus recursos com a energia alternativa, os geradores que asseguram as produções e protegem a maquinaria e o equipamento dos picos e oscilações da escassa energia de rede disponível. O sector agrícola também se queixa dos custos de energia para a irrigação.
O especialista em energia e gás, José de Oliveira, é peremptório e afirma que “o problema energético atrasa o desenvolvimento económico”. Já o economista Lopes Paulo calcula que, em 2025, a população poderá atingir os 33 milhões de habitantes, pelo que, se as perspectivas forem com base na população actual e admitindo uma taxa de crescimento de 3%, o Governo poderá voltar a falhar as metas.
PONTO DE SITUAÇÃO DOS PRINCIPAIS PROJECTOS
A barragem de Cambambe, no Kwanza-Norte, em fase de modernização, produz apenas 180 MW, actualmente. Prevendo-se que sejam adicionadas 960 MW quando em Junho entrar em produção a segunda central.
No projecto hidroeléctrico de Laúca, na mesma província, as obras de engenharia civil estão concluídas em 77%. Até ao momento já consumiu dois mil milhões de dólares dos cinco mil milhões previstos para a conclusão.
Em Malanje está localizada a barragem de Capanda, o maior projecto hidroelétrico até aqui concluído, com capacidade instalada de 520 mega watts, devido a questões técnicas não produz a 100%, chegando às vezes a abastecer 43% do seu potencial.
Está em curso a montagem de centrais térmicas em quase todas as províncias.
TIPOS DE ENERGIAS POSSÍVEIS DE EXPLORAR
Biodisel, solar, eólica. A Biocom, um investimento privado projecta produzir 45 MW de energia, a partir da cana-de-açúcar. O quadro institucional angolano prevê a implementação de acções para o desenvolvimento de energias renováveis. Necessidade projectada de 6.200 MW para cobrir 87% da população (calculada com base em 24 milhões de Hab)
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