MINISTROS ABORDAM SAÍDA DA CRISE

Governo pressiona hipermercados a pagar com rapidez pequenos produtores

CRISE E DIVERSIFICAÇÃO. Ministros da Economia e do Comércio falam, em declarações exclusivas ao VALOR, sobre prioridades dos sectores que dirigem. Governantes marcaram presença na Feira Agroindustrial e Pesca do Kwanza-Sul.

O ministro da Economia, Abrahão Gourgel, avançou, em declarações exclusivas ao VALOR, que os ministérios da Economia e do Comércio estão a pressionar as grandes superfícies comerciais, no sentido de encurtarem os pagamentos de produtos fornecidos por pequenos produtores, na sequência de reclamações que chegam às autoridades.

Segundo o governante, que falou a este jornal por altura da Feira Agroindustrial e Pesca do Kwanza-Sul, decorrida na semana passada, “a pressão” recai também sobre as instituições do Estado que levam muito tempo a pagar os seus fornecedores.

Nas palavras de Abrahão Gourgel, o Governo continua a estudar também a criação do programa de subvenção aos combustíveis para a produção agrícola e pesca. “Está desenhado, foi submetido ao Ministério das Finanças e espero, muito brevemente, levá-lo à comissão económica para aprovação. É uma metodologia que envolve um crédito fiscal, dado pelo Estado. Queremos ter garantia de que este gasóleo só vai beneficiar a quem produz e não beneficiar um indivíduo que está inscrito como agricultor. Queremos evitar perdas de recursos do Estado”, reforça o ministro.

Em relação ao encerramento de empresas, que se vai registando nos últimos dois anos, além da influência dos choques externos, o governante considera que tem de ver com a forma como estas são geridas. Sobre o programa ‘Angola Investe’, Abrahão Gourgel afirmou que a iniciativa “vai bem” e que o os que a criticam “são teóricos e têm sentimento de amor e ódio, face ao projecto do Estado”.

O ministro do Comércio, por sua vez, reafirmou, também em exclusivo, que algumas das principais linhas de saída da crise passam pela redução das importações e pela diversificação da exportação, principalmente a nível dos produtos agrícolas e mineiros. Igualmente presente na feira do kwanza-Sul, Fiel Constantino lembrou que, actualmente, apenas 3% dos produtos alimentares consumidos no país são produzidos localmente, o que significa que “estamos mal”, por isso, além de aumentar a produção, “Angola tem de aprender a exportar”.

Questionado sobre o Programa de Aquisição de Produtos Agropecuários (PAPAGRO), o governante admitiu que a iniciativa teve “muito investimento”, mas não funcionou como se esperava. “Precisamos de saber o porquê e corrigir os erros. Na verdade, o PAPAGRO faz falta, só não está a funcionar bem.” O programa foi concebido para facilitar o escoamento e comercialização de produtos agropecuário de pequenos produtores. Mas emperrou logo à nascença, além de ter sido alvo de muitas críticas por economistas e empresários.

Em relação aos anunciados livros de reclamação obrigatórios, nos estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, Fiel Constantino afirmou ainda não haver data para a sua entrada em vigor.