ANGOLA GROWING
DEPOIS DE 40 ANOS COM A MINA PARALISADA

Grupo Boavida exporta ferro de Cassinga

MINERAÇÃO. Depois de cerca de 20 anos em Angola, a operar especialmente no imobiliário, o grupo investiu cerca de 60 milhões de dólares numa mina e no sector agrícola.

Mina d cassinga grupo Boa vida

A empresa Portandum, afecta ao grupo empresarial Boavida, prepara para os próximos dias a primeira exportação de ferro a partir de Cassinga como resultado de um investimento de aproximadamente 60 milhões de dólares para reactivar a exploração da mina que esteve paralisada por mais de 40 anos.

O presidente do conselho de administração do grupo, Tomasz Dowbor, considera o momento como “histórico e marcante para a economia de Angola” e, em declarações ao VALOR, estimou receitas entre os três e quatro milhões de dólares.

Os planos do grupo passam pela venda das primeiras 50 mil toneladas para a China, já no final do mês, partindo do Porto do Namibe.

Do valor investido, cerca de 10 milhões de dólares foram alocados na primeira fase que se resumiu à exploração primária do minério. A maior parte foi canalizada para a criação da capacidade de escoamento.

A empresa perspectiva produzir cerca de um milhão de toneladas por mês, quantidades que Tomasz Dowbor garante “corresponder ao valor proporcional da mina”.

DO IMOBILIÁRIO À MINERAÇÃO

A exportação de ferro resulta da aposta na diversificação dos negócios que o grupo iniciou há cerca de dois anos para enfrentar a crise económica e financeira. Depois de, durante quase 20 anos a dedicar-se exclusivamente ao imobiliário, em 2016, investiu cerca de 50 milhões de dólares na agro-indústria com uma fazenda localizada em Caxito, no Bengo. No último trimestre do ano passado, iniciou a comercialização de frutas diversas. Além disso, está a construir um pavilhão de frangos. Tem em carteira novos investimentos na agricultura, pecuária e exploração de madeira.

METAS PARA 2018

Tomasz Dowbor considera que 2017 foi “um ano abençoado”, apesar “das várias dificuldades”, por ter alcançado determinadas metas como o aumento de 1.200 colaboradores para os 3.800. Destacou também a concretização da diversificação dos negócios, além da construção da escola internacional projectada na Urbanização Boavida que é o mais recente projecto imobiliário do grupo.

Para 2018, prevê a entrega da primeira fase do projecto Boavida, os condomínios dois e três, composto por 300 casas de diversas tipologias, o ‘shopping center’ que vai oferecer diversas gamas de serviços aos futuros residentes. O grupo planeia arrancar ainda com um novo projecto imobiliário e construir um edifício no centro da cidade.

As metas são “muito ambiciosas”, reconhece o gestor, que acredita que “serão alcançadas”, apesar de, por exemplo, admitir que “a curto prazo, o câmbio flutuante afecte o desempenho das empresas porque torna os produtos importados mais caros”.