Por ter violado regras da quarentena da covid-19

Horta Osório sai do Suisse Bank sem cumprir missão

19 Jan. 2022 Valor Económico Gestão

Alta finança. A imprensa portuguesa considera-o o 'Special One' da banca, levando em conta o seu percurso na alta finança europeia que já o levou a liderar bancos de primeira linha. Controverso na sua passagem 'efémera' pelo Credit Suisse, apresentou demissão, depois de violar por duas vezes as regras de combate à covid.

Horta Osório sai do Suisse Bank sem cumprir missão

O banqueiro português António Horta Osório deixou, nesta segunda-feira, a presidência do Credit Suisse, nove meses depois de assumir o cargo de chairman com a missão de recuperar o prestígio da instituição. 

Cedo, provocou embaraços no conselho de administração, ao alargar os seus poderes, além do que seria esperado. Nomeado presidente não-executivo, Horta Osório chamou para si tarefas de executivos e nomeou pessoas de confiança para a administração, bem como para as equipas executivas.

As mudanças foram efectuadas 130 dias depois de tomar posse. Na altura, o ‘Financial Times’ descreveu a postura do banqueiro português como uma ameaça ao CEO Thomas Gottstein que, sequencialmente, se colou na sombra.

Demitido por violar as regras de quarentena da covid-19, o português foi contratado para a reconquistar a credibilidade e prestígio da instituição depois de arrasada por alguns escândalos, como foi o negócio com o falido fundo hedge Archegos Capital com as investigações a concluírem que o banco suíço “falhou na gestão eficaz do risco”.

"Tenho uma visão clara da direcção que o banco deve tomar", frisou Horta Osório na primeira entrevista que concedeu enquanto presidente do Credit Suisse.

"Para mim, a questão não é o que é que precisamos de fazer para garantir que isto funciona desta vez, mas sim por que razão não está o banco a fazer progressos, apesar de ter um grupo fantástico de clientes na Suíça, Europa e um elevado crescimento na Ásia", reforçou. A missão, no entanto, não foi concluída. No seu histórico, o bancário conta com o título de cavaleiro britânico depois de ressuscitar o LIoyds Bank.

Mas, no Credit Suisse, nunca colheu consenso na avaliação dos quadros da instituição. Se, por um lado, muitos aplaudiam a sua abordagem contundente, salientando que era o que o banco precisava, havia quem o reprovasse, classificando-o como “conflituoso”.

O novo presidente do Credit Suisse é Axel Lehmann, que ingressou no conselho do Credit Suisse em Outubro, para chefiar o comité de risco. E é descrito como o homem certo para recuperar Thomas Gottstein, visto que já trabalharam juntos e sempre com boa relação.