APESAR DA REDUÇÃO DO PREÇO EM 10%

Hotéis com quebra de 25%

HOTELARIA. A taxa de ocupação dos hotéis que foi, em 2014, de 1,5 milhões de clientes, registou uma quebra de 25%, nos últimos dois anos, de acordo com o secretário-geral do Ministério da Hotelaria e Turismo, Paulo King Júnior.

Os hotéis e restaurantes que em 2014 registaram uma taxa global de 1,5 milhões de ocupantes estão a ser “arrasados” pela crise financeira com a diminuição de clientes nos últimos dois anos, de acordo com fonte oficial. A queda de ocupação, em 2015, rondou os 25%, os mesmos que se projectam para 2016, ou seja, menos 375 mil pessoas em relação a 2014.

A revelação havia sido feita ao VALOR pelo presidente da direcção da Associação de Hotéis, Restaurantes, Similares e Catering de Angola (AHORESIA), José Gonçalves, e foi agora confirmada pelo secretário-geral do Ministério do Turismo, Paulo Manuel King Júnior.

“A taxa de ocupação das unidades hoteleiras de Angola caiu 25% nos últimos dois anos, devido à crise económica que o país atravessa”, insiste o responsável, acrescentando que o número de turistas estrangeiros que visita o país caiu de forma “substancial nos últimos anos”, tendo ocorrido uma tendência semelhante no que se refere ao turismo interno.

Ao VALOR alguns gestores de hotéis confirmaram os números, enquanto outros evitaram o assunto, alegando segredo de estratégia comercial. Fontes de algumas unidades hoteleiras da capital estimam entre 2% e 7% a ocupação de grande parte dos hotéis.

A maioria dos hotéis reformulou os tarifários, por decisão própria, efectuando uma redução na ordem dos 10% em relação aos preços praticados anteriormente, segundo Nuno Santos, do Hotel Presidente, que explica que “nem isso atrai clientes”. O gestor acrescenta ainda que “aqueles que hospedavam em hotéis de 4 estrelas agora preferem os de três”.

 

CUSTOS ELEVADOS, DIÁRIAS CARAS

O director do Gabinete do Planeamento Estudo e Estatística, do Ministério da Hotelaria e Turismo, Januário Marra entende que os preços praticados nos hóteis do país “são exagerados”, mas lembra que, na hotelaria, os preços são livres e não dependem de medidas administrativas.

Os hotéis eram povoados maioritariamente por “homens de negócios”, portugueses e brasileiros que trabalham na construção civil e trabalhadores da indústria petrolífera, referiu João Gonçalves. Este operador do ramo lamenta o facto de grande parte dos produtos serem ainda importados, tornando desta forma alto os custos operacionais.

“Trabalha-se muitas vezes com água de cisternas, energia alternativa e ainda paga-se a manutenção dos geradores. As infra-estruturas no país não são eficientes, por isso a factura pesa sobre o consumidor final”, lamentaram vários operadores.

As previsões do Ministério da Hotelaria e Turismo indicam que este ano menos de 500 mil pessoas visitem o país, contra cerca de 700 mil, em 2013.

 

LUANDA CONCENTRA 35% DAS UNIDADES

De acordo com o Instituto do Fomento Turístico (INFOTUR), Angola tem cerca 200 hotéis sem contar com pensões, restaurantes e similares. Luanda detém a maior concentração da rede com 35,5%, seguindo-se as províncias de Benguela e Huíla com 20,8% e 13,4%, respectivamente.